segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Carnaval 2011


Carnaval em Portugal


Brincar ao Carnaval


A folia do Entrudo já anda à solta na aldeia da Barroca.


Meta os pés ao caminho e siga a rota das Aldeias do Xisto. Em época de Carnaval não faltam motivos para uma visita mais demorada. Depois de Aigra Nova, em Góis, é a vez da aldeia da Barroca, no Fundão, receber a celebração do tradicional Entrudo, a partir deste sábado, 26, até 13 de Março. Por aqui não há rasto de estrelas brasileiras e muito menos sons de samba, mas nem por isso faltam personagens surreais e bichos brincalhões a pregar partidas ao virar da esquina. A pensar em quem não tem máscara, a Loja Aldeias do Xisto organiza um workshop de pasta de papel, orientado pela artesã Maria Eugénia Cavaca.

Crie a sua própria máscara e, como manda a tradição, «atormente as velhas e seduza as novas». No final, não perca A Hora do Chá, uma prova de chás biológicos, acompanhados de mel de urze da região.

Se não é muito dado a partidas carnavalescas, opte pela oficina de fantoches de madeira e aprenda a dar expressão a um tronco de tília, com Kerstin Thomas. Além de adquirir noções básicas de como manusear goivas, formões e maços, ferramentas usadas para dar forma à mdeira, vai escolher tecidos e coser os vestidos dos fantoches. Não deixe de visitar o Centro e Interpretação de Arte Rupestre na Casa Grande e as aldeias típicas que integram a rota do xisto.

Com ou sem máscara…

Fonte: Visão (nº938, de 24 Fevereiro a 2 Março 2011)
Texto: Susana Silva Oliveira


Preparativos para o Entrudo em Lazarim






Carnaval em Veneza

O Voo do Anjo na Praça de San Marco



A Fonte de Vinho na Praça de San Marco




Carnaval no Brasil

Ordem dos desfiles do Rio de Janeiro




Apresentação oficial da abertura do Carnaval em São Paulo


terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Regressar a Angola com o sentido de dever cumprido


Muitos angolanos encaram Portugal como uma segunda pátria. Os números podem ser falíveis, mas dados oficiais indicam que cerca de cinco mil angolanos estudam nas diferente universidades do país.
Alguns têm o apoio condicional dos familiares, outros estão por conta própria. Muitos estudantes vivem nas  residências universitárias, outros alugam quartos ou apartamentos que partilham com colegas, outros ficam em casa de familiares, havendo ainda um pequeno grupo com bolsas de estudo.
Para Inês Lucas estudante do 3ºano de Direito, na Universidade Lusíada do Porto,  estudar em Portugal tem sido um desafio,” que promete superar”. A sua situação assemelha-se a muito estudantes angolanos que residem em Portugal. Após os pais  terem regressado a Angola, vê-se obrigada a permanecer em Portugal partilhando uma casa com mais duas raparigas.

Os pais emigraram há muito tempo para Portugal. Vive desde os 3 anos no Porto. Hoje com 21 anos, o seu objectivo é concluir os estudos e regressar a Angola,  contribuir para o desenvolvimento sócio-economico dentro da área das ciências  sóciojurídicas. No meio de tantos sonhos existiram vários obstáculos, a distância da família é o maior de todos, mas garante que esta distância só lhe dá mais forças para continuar nesta luta.

Já o Cláudio Costa, frequenta o 2ºano do curso de Gestão na Universidade Lusófona do Porto, ao contrário da Inês Lucas, emigrou para Portugal com a sua mãe numa fase já adulta. Com o intuito de encontrar em Portugal melhor qualidade de ensino. Sobre “a minha experiência como estudante em Portugal, começo por dizer que ganhei mais conhecimento em todos aspecto de aprendizagem. No início tive muitas dificuldades em conseguir adaptar-me ao ensino português, uma vez que eu sou trabalhador e estudante. Para conciliar as duas coisas é muito difícil, mas com meu empenho e ajuda das professoras e colegas estou a melhorar”. Também tem como objectivo terminar o curso a curto prazo com bom desempenho e voltar para terra natal, Angola, ajudando assim seu desenvolvimento.

Por: Zanaida Augusto

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Destino: uma vida melhor: Chegar, ver, integrar-se e vencer

Por cada 100 portugueses que saem do país, entram 15 novos imigrantes. São provenientes de vários pontos do globo, mas principalmente da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Viajam à procura de um futuro diferente, desafiados pelo destino. Mas nem tudo é como o idealizado, e a integração na cultura portuguesa pode ser um longo caminho de aprendizagem.


Deixar a pátria, as raízes, o país onde se cresceu e rumar a um novo lugar é um acto de coragem e determinação. O risco é algo indissociável da descoberta do desconhecido. Que o diga Deisimar Nogueira: “Nunca estive preparada para o que enfrentei”. Natural da cidade de Coronel Fabriciano, em Minas Gerais, tem 46 anos e vive em Portugal há quase uma década. Nunca sonhou sair do Brasil. A mudança foi uma consequência do contexto em que vivia no Brasil: queria ter e dar uma vida melhor à mãe. Estava desempregada quando uma amiga lhe sugeriu viajar para Portugal, para trabalhar dando apoio a idosos. “Foi tudo em cima da hora, em 2 meses ficou tudo arrumado. Esse trabalho caiu do céu para mim!”. Veio para ficar apenas 2 anos, mas o fado português ditou-lhe outra sorte.
 Já viveu no Sul, no Centro e, actualmente, mora no Norte do país. De todos os sítios que conheceu, por cá, prefere a cidade Invicta, pois a hospitalidade portuense cativou-a.
Para além de tomar conta de idosos, trabalhou no ramo da restauração, na construção civil e numa empresa de limpezas.
Conheceu aquele que hoje é o seu marido, casaram e, está prestes a pedir a dupla nacionalidade.

No dia trinta de Março de 2001, estava já instalada em Lisboa, acompanhada da amiga, quando começa a perceber que nem tudo iria correr sobre rodas. “Fui parar a uma casa onde viviam 3 gays e mais um homem. Eu tinha conforto em minha casa [no Brasil], aqui…”.
No entanto, a sua maior dificuldade foi estar longe dos que mais gosta. Tal como afirma, “Brasileiro é muito apegado à família”. É a mais nova de quatro irmãs e foi a única a sair de casa para atravessar fronteiras.
“Os brasileiros vêm para cá porque há a vantagem da língua ser igual e porque querem construir alguma coisa lá.” Segundo dados da Casa do Brasil, 45 por cento dos imigrantes brasileiros pretende regressar ao país natal. E Daisy - como todos lhe chamam - não é excepção: “Quero voltar, isso é ponto assente”.

Questionada quanto ao seu processo de integração, responde com firmeza: “Me adequei, vivo ao modo dos portugueses”. Mesmo assim não deixa de sentir falta do calor, da animação e do espírito aberto e sociável dos seus conterrâneos. Contudo, aqui não procura conviver com estes. “Eu me afastei completamente dos brasileiros. Aliás, não tenho muitos amigos cá. Aqui tudo muda, a mentalidade muda. É raro brasileiros conviverem entre si, aqui. São interesseiros, o olho cresce.”
Daisy veio para Portugal, numa altura, em que estava ainda muito presente a polémica das imigrantes brasileiras em Bragança. “Eu já vim muito avisada. O marido de uma minha amiga me avisou que ia escutar muita boca porca”. Em Viseu recorda um episódio de xenofobia explícita, em que entrou numa loja e o proprietário recusou-se a atendê-la. Ignorando-a completamente, acompanhou-a até à saída. “Senti pela primeira vez, na pele, discriminação”.
Apesar de alguns momentos menos bons, nunca pensou em desistir, pois considera-se uma pessoa persistente: “Coloquei na cabeça que vou vencer, e vou vencer!”
Quando olha para trás, a comerciante orgulha-se de ter já construído alguma coisa. E embora o trajecto que fez não ter sido o idealizado, revela que foi compensatório: “Foi uma experiência de vida muito importante. Percebi que o mundo é a melhor escola.”

Estudar e trabalhar, para pagar os estudos e ter algum dinheiro próprio, pode ser uma tarefa árdua. Se a isto adicionarmos o facto de se estar, praticamente, sozinho num país diferente e num continente diferente, o cenário pode ser ainda mais peculiar.
Isabel deixou Cabo Verde para frequentar o ensino português. “Era um sonho estudar em Portugal. Na altura achava que tinha mais condições e que aqui tudo era melhor, além disso queria ter mais autonomia”. Hoje, aos 24 anos, está no último ano da licenciatura em Jornalismo e realizou um sonho de infância: tirar um curso de manequim profissional.
Partilha uma casa, no centro do Porto, com algumas raparigas da mesma nacionalidade.
A vida de Isabel deu uma volta de 360 graus. Trabalhou num lar de idosos, fez limpezas e agora trabalha como empregada de mesa, sem nunca deixar de estudar. Reconhece que manter todas estas actividades é complicado, pois o tempo escasseia. Mas é a primeira a afirmar que foi uma volta muito benéfica: “Tornou-me na pessoa que sou hoje: mais responsável, mais lutadora. Cresci a nível de maturidade”.

Quando começou a interagir com a sociedade portuguesa, deu-se conta de uma realidade que nunca pensou encontrar: “Percebi que os pretos aqui não eram bem tratados. Fiquei confusa e triste. Estava acostumada a ver, em Cabo Verde, os portugueses a serem bem recebidos… conviviam, misturavam-se. Já aqui, os africanos não são muito respeitados.” Chegaram a negar-lhe emprego, argumentando apenas que não queriam pessoas da sua raça. “A minha maior desilusão foi perceber que ainda há racismo aqui. Até hoje. Já senti muita revolta. Diziam-me, na rua: vai para a tua terra! A mim, que tanto me esforçava por ser uma pessoa independente.”

Ainda que o primeiro impacto não tenha sido o mais agradável, Isabel não baixou os braços. “Comecei a conviver e a conhecer a cultura. Passei a falar mais em português, por que onde eu nasci só falávamos português na sala de aula, de resto comunicávamos em crioulo”.
Valeu-lhe a espontaneidade, que tanto a caracteriza, e fez bastantes amigos em Portugal, o que de certa forma a ajudou a compensar a distância a que está da família. É na altura do Natal e do Ano Novo que sente mais a falta do apoio dos pais, afirma a estudante. São os percalços de quem se lança nesta aventura. Contudo, faz um balanço geral positivo. Considera que aprendeu imenso, progrediu a nível pessoal e intelectual, teve acesso a oportunidades que não surgiriam se não tivesse deixado a sua nação.

Quanto ao futuro, a jovem tem tudo planeado. Quer acabar a licenciatura, pretende fazer um mestrado e tem também algumas coisas em vista para a carreira de modelo. “É algo a que me quero dedicar, sem pôr de parte o jornalismo”. 
Não quer regressar à Ilha de Santiago para ficar a viver lá para sempre, mas diz gostar muito da sua terra, “Sinto-me mais africana do que portuguesa, claro. As minhas raízes não desapareceram”.

Por: Ana Azevedo

De Berço a Capital

Eleita Capital Europeia da Cultura em 2012, Guimarães quer apostar no futuro sem esquecer o passado. Os projectos, já em desenvolvimento, prometem corresponder às expectativas.


É quarta-feira, e são três da tarde. No Jardim da Alameda situado no centro da cidade, fala-se, entre outros temas, de 2012.
António Castro tem 65 anos. É um dos muitos vimaranenses que se reúne quase diariamente, já há anos, no Jardim. Com o peso da idade nas costas mas sorridente conta que nasceu, cresceu, vive, e espera morrer, em Guimarães. Relembra orgulhoso os tempos que em era uma cidade pacata mas espera, com curiosidade, o ano de 2012 para ver o que vai acontecer na sua cidade. No Jardim, local de convívio, os temas da actualidade não ficam de fora e, naturalmente, o título de Capital Europeia da Cultura não é esquecido. ‘’Sei que vai haver festa mas o que vai acontecer mesmo, isso é que já não sei.’’ confessa o reformado. Este será, porventura, o pensamento geral dos habitantes da cidade Berço da Nação. São visíveis espalhados por locais estratégicos os corações, logótipo escolhido por concurso público. Da autoria de João Campos têm inspiração no elmo do Rei Afonso Henriques. 

Mas afinal o que é uma Capital Europeia da Cultura? A cidade, escolhida ao longo de um ano, promove a diversidade cultural que caracteriza a Europa, dá a conhecer as suas manifestações mais criativas e recebe as de outros países. Trata-se de um mandato recebido da União Europeia que atribuiu a Guimarães a responsabilidade de representar o valor da cultura na afirmação da cidadania.
Actualmente considerada Património Cultural da Humanidade pelo seu centro histórico, Guimarães irá, em 2012, apostar intensamente no turismo. Como Capital da Cultura quer diversificar a oferta, fazer um tipo de turismo criativo que não só atraia mas que fixe turistas. ‘’Notamos que a cidade é um ponto de passagem breve. Queríamos que os visitantes ficassem por cá mais tempo. Seria bom para a economia assim como para um maior conhecimento cultural do que temos cá’’, revela Ana Bragança, assessora do director do projecto Carlos Martins.

O ano presente receberá alguns eventos, mas a apresentação pública e formal do projecto onde nomes, programas e datas não serão revelados para já. De relembrar que desde 2009 são realizadas intervenções inseridas nas festividades de Capital Europeia da Cultura. 

As expectativas estão criadas e os vimaranenses, principalmente, ansiosos pelo que aí vem. António Castro que o diga. 2012 chega depressa.


Por: Catarina Marinheiro

Tiro ao prato: Atiradora consagrada numa modalidade de homens

A jovem Ana Rita Rodrigues encontra-se nos lugares prestigiados entre os melhores atiradores portugueses. Familiarizada com os campeonatos europeus e mundiais, aos 19 anos, as armas não guardam segredos para ela e junta troféus.

Aos 19 anos, Ana Rita Rodrigues já tem uma ampla experiência com as armas. Vive em Vieira do Minho e atira pelo Clube de Caçadores da Póvoa de Lanhoso. Desde pequena que se mantém nestas andanças e tem cultivado sempre o seu gosto pela modalidade, “Quando tinha cerca de 10 anos, comecei a acompanhar o meu pai nas provas de tiro, o que começou a despertar a minha atenção”. Não foi preciso muito tempo para a atleta começar a juntar troféus. 
As armas já não têm segredos para a jovem. Habituou-se a disparar com precisão e rapidez, mas admite que a maior característica num atirador é “acima de tudo gosto pela modalidade”, mas também umas boas “capacidades técnicas para uma boa execução do tiro, humildade e uma personalidade forte” para aguentar a pressão nos momentos decisivos.

Na mesma medida destas características, o atirador também deve desfrutar de uma estabilidade financeira. Em termos gerais, o Tiro Desportivo é considerado um “desporto caro”. A jovem atiradora explica este conceito pelos “custos elevadíssimos, e nada apoiados”. A modalidade exige determinados investimentos suportados única e exclusivamente pelo atleta. Para ser federado na modalidade é necessário “tirar licença de tiro desportivo e fazer anualmente o exame de aptidão na federação (regulamento). E claro, para quem quiser fazer as provas da federação, terá que desembolsar o dinheiro das inscrições para cada prova e para os cartuchos." As deslocações e a arma podem ter diversos preços, tudo isto, sustentado pelo próprio atirador.

A atleta nota grandes diferenças na preparação das mulheres portuguesas relativamente a outros países “nas grandes selecções, os atletas são profissionais e dedicam-se a 100 por cento à modalidade. São muito bem acompanhados pelos treinadores e restante equipa técnica que tratam do seu sucesso no tiro. Em Portugal, isso só é possível se estes gastos forem sustentados pelos atiradores. A federação infelizmente incentiva mais o sexo masculino, o que faz com que o tiro feminino não vá evoluindo e vá tendo cada vez menos praticantes”. É muito difícil serem somente profissionais de tiro em Portugal porque “não se é suficientemente apoiado para que tal possa acontecer”, conclui a atleta, desapontada.

Rita, depara-se com outros embaraços ainda não ultrapassados. A jovem considera que ainda há preconceito relativamente às mulheres no tiro ao prato. E serve-se destas razões para justificar o facto de haver poucas mulheres a praticarem Tiro Desportivo, pela “discriminação” que se faz no país. Ao contrário de Portugal, os “outros países tem cada vez mais praticantes femininos". Os atiradores experientes, António Barros e Bernardino Barros, têm outra visão e dizem não haver preconceito na modalidade. O atirador, António Barros, esclarece esta visão e diz que há “mais competição na categoria masculina”, e é por este facto que normalmente o público masculino está mais concentrado e interessado nos resultados da categoria masculina.

Apesar das dificuldades, a atiradora sente muito orgulho em vingar numa modalidade vista como “masculina”. Em entrevista, mostrou-se orgulhosa em vencer quando a participação masculina é uma maioria “é um gosto diferente, pois os homens ficam envergonhados quando derrotados por mulheres. E eu gosto especialmente de os derrotar”, admite com um enorme sorriso.
Com uma carga horária diferente das outras raparigas da sua idade, Ana Rita tenta a todo custo conciliar as aulas da Universidade com os treinos e provas de tiro. Um exemplo de mulher num mundo masculino, tal como outras que têm vindo a ascender na modalidade. Como atiradora consagrada nacionalmente e internacionalmente, deixa um incentivo às mulheres, “não tenham medo de praticar o tiro, pois o tiro praticado em segurança, é bastante agradável e traz grandes vivências. O tiro é um desporto como outro qualquer, não é um desporto só para homens”. Ana Rita Rodrigues, contraria todos os padrões que indicam o Tiro ao Prato como um “desporto masculino” e vence sem fronteiras na modalidade.
Por: Carina de Barros

Artes Plásticas: Pouco Apoio, Muita Preseverança

A Galeria Alvarez, a Quadrado Azul, a Serpente ou a Galeria Fernando Santos são exemplos de determinação e continuidade na área artística que menos apoio recebe do Ministério da Cultura.

A Galeria de Arte Contemporânea Alvarez (desde 1954), na Avenida da Boavista no Porto, apresenta-se humilde perante a magnitude da Casa da Música, mesmo em frente, do outro lado da estrada. No seu interior encontram-se dispostas as obras da exposição mais recente “Coletiva de Natal 2010”, que junta três esculturas de  cerâmica e várias pinturas.
Daniel Isidoro, atual diretor da galeria, explica que “a Academia livre de desenho e pintura Dominguez Alvarez foi um espaço-atelier de experiências, de diálogo, de orientação e de desenvolvimento de cada aluno”. O galerista menciona com vivacidade o facto daquele espaço ter sido pioneiro das novas formas do ensino da pintura. “Atualmente existem algumas poucas galerias com função cultural, onde o colecionador poderá ter confiança na aquisição da obra de arte mesmo sabendo-se que a provocação das vendas serve os artistas e os gastos da galeria na promoção, catálogos, etc” diz.

Ainda com uma atitude jovem e insurgente, Daniel Isidoro descreve o percurso da instituição repleta de altos e baixos. “Nestes cinquenta anos [...] muitos momentos foram de [...] sabor amargo, pondo em questão o mercado de arte, umas vezes bom outras vezes mau; e sendo a arte o melhor investimento, as pessoas não sabem por razões de cultura adquirir obras de arte.

Compra-se mais porque se gosta do que por análise da qualidade da pintura. É o país que temos, culturalmente pobre.” Quando confrontado com a retração económica que o País poderá sentir já no próximo ano, Daniel Isidoro demonstra-se hesitante, mas seguro. “[Já] passei por revoluções sociais e crises económicas. A revolução do 25 de Abril [também] trouxe ás artes plásticas problemas de sobrevivência.”

A Rua Miguel Bombarda, no Porto, é já um símbolo de divulgação da Arte Contemporânea
Mais de uma dezena de galerias, estúdios ou armazéns de exposição, se juntam na Rua Miguel Bombarda. A agitação que regularmente rompe na rua, provocada pela passagem de visitantes habituais ou apenas curiosos do momento, é reflexo do sentimento de vanguarda, proporcionada pela aglomeração dos espaços de
expressão e liberdade.

Manuel Ulisses, à porta da Galeria Quadrado Azul, da qual é diretor e fundador desde 1986, diz que na sua opinião “as artes performativas devem ser apoiadas”. A sua preocupação revela os largos anos de experiência no ramo das artes, durante os quais lutou por políticas mais justas. O diretor chegou mesmo a comunicar com o Ministério da Cultura no sentido de obter apoio, no âmbito da participação numa feira internacional em Madrid. “Eu já propus ao Ministério da Cultura, com o anterior ministro o Dr. António Pinto Ribeiro, num ano que fomos ao ArCo (feira internacional de Arte Contemporânea) em Madrid, e eles queriam-me dar uns subsídios e eu não
aceitei porque eu sou contra os subsídios. E portanto, propus-lhe que o Ministério da Cultura comprasse obras de arte em vez de dar dinheiro diretamente; ajudavam os artistas e a galeria, e eles ficavam com um bem. [Esta] proposta resultou em nada.”

Manuel Ulisses, deixa claro que os subsídios assemelhan-se a esmolas, e que há o hábito em Portugal de se “choramingar” por ajudas do Estado, quando o trabalho não o justifica. Diz ainda que o Governo ao ter a iniciativa de adquirir obras de arte, estaria a legitimar e a dar confiança ao sector privado para o hábito do colecionamento de património. “As iniciativas devem ser controladas mais que nunca. Cada vez se vê mais malandragem e mais mentira”, diz ainda Manuel Ulisses relativamente á necessidade de se fiscalizar minuciosamente a disponibilização de verbas . “Os apoios devem ser dados com critério” diz.

A Galeria Quadrado Azul é também conhecida por sempre ter facilitado a exposição de obras de artistas jovens, saídos das Belas Artes. “Muitos deles não aproveitam a oportunidade que se lhes dá. Isso aí é um problema de cada um. [Os alunos] saiem da escola ás centenas, e nem todos vão ser artistas”, reitera o galerista afirmando que a própria Faculdade de Belas Artes deveria disponibilizar condições para os alunos exporem as suas obras, em vez de deixarem ás galerias essa responsabilidade.

O diretor da Quadrado Azul conclui que “o bilhete de identidade de um povo é a cultura”, remetendo comparativamente a questão para o caso espanhol, que tem um ou dois museus de arte contemporânea por província, enquanto que Portugal tem unicamente um nos país inteiro, o Museu de Serralves. “É preciso investir” finaliza Manuel Ulisses.

“A cultura é o parente pobre dos governos”
Em frente, a Galeria Fernando Santos fundada em 1993, apresenta-se mais movimentada, entre materiais a serem descarregados freneticamente de uma carrinha e pessoas de várias idades que vêm apreciar a exposição mais recente, do artista espanhol Antoni Tàpies.

Apesar de toda a agitação, a galerista Joana Silva fornece atenciosamente a sua opinião quanto ao papel do Estado relativamente à cultura. “A APGA (Associação Portuguesa de Galerias de Arte) que deve defender o interesse das galerias, propôs que fosse disponibilizada uma verba para a internacionalização”. Para Joana Silva, apesar de não se poder misturar as artes pláticas com o mercado do calçado por exemplo, considera que o Estado deveria apoiar na divulgação internacional da mesma forma. “Os nossos artistas não são um produto no sentido mercantilista da questão, mas a arte que eles desenvolvem é a cultura do povo. É a imagem e a marca deste país e deveria, obviamente, ser mais apoiada” afirma a galerista.

Mais uma vez o nosso país vizinho serve de referência, quando Joana revela que na Arte Lisboa 2010 (feira de arte contemporânea realizada entre 24 e 28 do mês passado) “as galerias espanholas [...] já estavam com a feira paga”. Toda a logística que envolve transporte, estadia, seguros, aluguer de espaço, embalagem das peças, etc, são pagas na totalidade ou em parte pelo estado espanhol, levando Joana Silva a concluir que “tudo o que vendessem era lucro da galeria e lucro do artista, enquanto que nós deveriamos ter vendido muito mais para primeiro pagar as despesas e depois, então, ter lucro.”
A deslocação a uma feira de arte contemporânea é muitas vezes, segundo Joana, prejuízo para a galeria, “em 2010 fizemos 3 feiras e em 2011 eventualmente não vamos fazer nenhuma; não nos podemos nesta altura dar ao luxo de correr riscos”.
Joana Silva diz também que é importante fazer a distinção entre as galerias de primeiro e de segundo mercado, já que as primeiras trabalham diretamente com os artistas, apoiando a produção dos mesmos, e as últimas preocupam-se apenas com a compra e venda das obras.

Desta forma reduz-se ainda mais o leque de apoios institucionais aos produtores. A Galeria Fernando Santos é uma das que providenciam esse apoio, mas Joana Silva alerta para a questão do limite orçamental de cada galeria, que tem de calcular eficazmente a relação entre a quantidade e a qualidade, “o número de artistas que cada galeria representa nunca pode ser muito grande, de outra forma não fariamos um bom trabalho com nenhum deles”. Isto significa que por falta de meios de produção e divulgação, inúmeras ideias ficam por se materializar. A galerista dá um exemplo disso, revelando que em Setembro deste ano a Fernando Santos levou a
cabo a produção e exposição de quatorze peças de Jorge Ribeiro, que estavam “na gaveta” desde os anos sessenta.

Joana Silva alerta ainda para a questão do centralismo, clarificando que em Portugal “temos um turismo normal e natural para a capital; [...] para as segundas cidades, como é o caso do Porto, já não é tão natural e tem de haver um atrativo qualquer”. Refere o caso de Barcelona, Bilbao, Manchester ou Bordéus que apesar de não serem capitais conseguem atrair turismo “porque têm qualquer coisa de especial”. A galerista explica que “a cultura é o parente pobre dos Governos”, mas apesar disso vê com otimismo o futuro desta àrea.

“Há pessoas que preferem ter pósteres em casa, e até têm capacidade aquisitiva”
Na Galeria Serpente encontra-se o mais recente trabalho de Teresa Gil, intitulada Natureza (não) Morta. As pinturas demonstram o “murchamento” da natureza, acompanhadas metaforicamente pela presença humana.
Momentos depois o visitante aperceber se á de que o chilrear que ouve também faz parte da instalação. É neste ambiente surpreendentemente acolhedor que Isabel Cabral, diretora da galeria, diz que gostaria de ver uma maior divulgão da arte para o exterior.
“Há países onde se nota muito o empenhamento em divulgar a sua cultura; nós somos um país pobre e há outras prioridades como é óbvio”. Isabel Cabral considera que a falta de emersão artística dos portugueses é tanto uma questão económica como socio cultural, “há pessoas que preferem ter pósteres em casa, e até têm capacidade aquisitiva”.

A galerista enquadra também esta situação com o panorama educativo português. “Tem havido uma série de cortes a nível do ensino que também vai ter interferência nos resultados finais da preparação que um aluno deve ter. Esta guerra que tem havido entre o Ministério [da Educação] e os professores, não valoriza o ensino” diz Isabel Cabral. A diretora não descarta contudo a importância do trabalho do artista, que lembra ser de cariz extremamente individual. “No caso das artes plásticas o trabalho é muito fechado no seu atelier, [...] depois cada um é que tem de desenvolver o melhor possível o seu trabalho”.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística num inquérito às “Galerias de Arte e Outros Espaços de Exposições Temporárias”, por cada mil habitantes registaram-se no ano passado 811,2 visitantes. O maior número alguma vez registado em todo o País. Contudo, a Direção Geral das Artes do Ministério da Cultura decidiu  disponibilizar 550.000.00€ para àrea das Artes Plásticas e Fotografia, do montante global disponível (19.450.000.00 €). Verba consideravelmente inferior àquela adquirida pelas outras disciplinas artísticas (Música: 1.880.000.00€; Dança: 1.920.000.00€; Cruzamentos Disciplinares: 3.800.000.00€ e Teatro: 11.300.000.00€).

Uma fonte no Ministério da Cultura diz que se trata de uma questão logística, afirmando que “as infra estruturas e todos os elementos necessários para a realização e exposição de uma galeria de arte têm um custo muito inferior em comparação a tudo o que é preciso reunir para fazer funcionar uma peça de teatro ou um bailado por exemplo.” Quanto à aquisição de obras de arte, o ministério diz já ter estipulado vários protocolos com a Fundação de Serralves e o Museu Coleção Berardo, com a quais se compromete a participar financeiramente.

Por: Marcelo Maia

“TODOS TEMOS UM OBJECTIVO E UM PASSA PELA VIDA ACADÉMICA"

Pétio Juarez Penelas de Barros, 30 anos de idade, é natural de Luanda, Angola. Formado em Engenharia Informática no Instituto Superior Politécnico de Gaia há cerca de um ano, reconhece nesta entrevista, as dificuldades que os jovens estudantes têm passado em Portugal. O Presidente da
Associação de Estudantes Angolanos em Portugal no Porto faz ainda balanço do seu mandato.



Pétio  Barros
 Ipsisverbis - Tão jovem e já presidente, não é muita responsabilidade?
Pétio Juarez Penelas de Barros- Penso que não é muita responsabilidade, todos nós  temos um objectivo na vida e um deles é passar pela vida  associativa que por sua vez está ligada á vida académica. Portanto um desafio a qualquer altura é sempre bem-vindo.

IV – Há quanto tempo é presidente da associação?
 PB- Fui eleito para um período de dois anos. Neste momento estou quase a findá-lo  com muita pena, mas passando também o objectivo que estava ligado ao associativismo, a escolaridade. Terminando esta etapa começam a surgir outras.

 IV- Tem noção de quantos estudantes angolanos tem o Porto?
PB – São 130 estudantes universitários. No total, são 300 estudantes abrangendo também o Ensino Secundário.

IV- Pode apontar as principais dificuldades que os mesmos estudantes têm  enfrentado?
PB- Como tenho dito, a maior dificuldade a nível social e académico é a inserção. Normalmente tentamos ver quais as dificuldades que os estudantes passam para podermos analisar. A este nível, fazemos pontes ou protocolos com certas instituições que possam dar-nos apoio para colmatar aquilo que são as dificuldades dos estudantes.

Encontro Nacional de Estudantes
 IV- Onde devem recorrer os estudantes para obterem alguma ajuda, nomeadamente a bolsa?
PB- Existem dois tipos de bolsas, da cooperação e do Estado Português. A nível de Angola tem de se fazer um teste e,  passando, é - lhe atribuída a bolsa. Para os estudantes que vivem em Portugal é muito mais difícil terem acesso as bolsas porque muitos bolseiros vêm de Angola agregados  a certos Ministérios e empresas com um número já formatado.

IV- Depois de terminarem os cursos os estudantes regressam para Angola?
PB - Tendo em conta que a AEAP adopta a filosofia de incentivar o regresso . Temos estreitado laços  com empresas no sentido de poderem contratar estudantes, reforçando assim o  retorno à pátria. Em relação aos bolseiros, muitos estão vinculados à terra.

IV- Como vê Angola no futuro?
PB- Seria um pouco indevido se abordasse Angola na generalidade. Como se sabe, o  desenvolvimento em Angola adivinha-se sustentado, este mesmo desenvolvimento irá aumentar a economia e permitir que as mais diversificadas áreas possam também  evoluir, permitindo mais criação de postos de emprego, proporcionando muitas mais oportunidades para os jovens das mais variadas especializações.

Angola está a mudar

O DESPORTO COMO FOCO DA AEAP
A pratica deportiva também é um dos principais focos da Associação para poder ativar os estudantes. No dia 4 de dezembro de 2010 o Departamento da Cultura e Desporto da Associação de Estudantes Angolanos em Portugal no Porto (AEAP) realizou mais uma das suas partidas desportivas. Teve lugar no colégio de Gaia,entre as 10h00 as 13h00, com o objectivo de promover a união entre os jovens angolanos residentes na cidade Invicta, através da prática desportiva, sencibilizar as pessoas para o  associativismo e a entrada de novos associados.
A actividade foi bastante positiva com uma adesão a rondar entre os 90 por cento. Após as actividades desportivas, teve lugar a um lanche para repor as energias,  seguindo-se de uma breve conversa com os participantes, sobre questões ligadas à Associação.


Por: Zanaida Augusto

Dono procura-se

O abandono de animais, em especial os animais domésticos como cães e gatos, é um problema que afecta cada vez mais os grandes centros urbanos. Em Portugal mais de 12000 animais são abandonados anualmente.

Alguns dos Municípios estão a tentar melhorar as condições para os animais. Já está em funcionamento o Centro de Reabilitação Animal que substitui o antigo Canil Municipal de Vila Nova de Gaia. Tem capacidade para 76 cães ou gatos e dispõe de condições mais dignas para acolher animais abandonados, num espaço amplo de 1000 m2 dividido em 38 celas. Dispõe ainda de uma clínica veterinária e de uma sala de cirurgias, que são geridas pelo Parque Biológico.
Segundo António Pérez, veterinário do Centro de Reabilitação Animal, são nos meses de Junho, Julho e Agosto que chegam mais cães e gatos ao Centro. Mas, muito poucos são entregues e depois, devolvidos, “em média, em dez animais adoptados, três são devolvidos”. 

O veterinário acrescenta que “os animais do Centro são muito bem tratados”, apesar da visão negativa que várias pessoas têm acerca de um canil. Para reforçar a ideia de que o Centro é um local digno para os animais, António Pérez fala de uma campanha de Sensibilização para a Adopção de Animais, realizada todos os anos no parque de estacionamento do Centro Comercial – Gaiashopping -, que de alguma forma “leva as pessoas a adoptar os animais e, também libertar espaço para outros animais que vão chegando”. O veterinário adianta que “qualquer pessoa pode adoptar um animal, seja ele cão ou gato”, apenas paga a despesa da vacinação e da chipagem se for cão, porque é obrigatório, mas se for gato não é necessário. 



Com as férias de Verão, o número de animais abandonados sobe exponencialmente, apesar de ser uma realidade silenciosa durante o ano. As crescentes dificuldades económicas de muitas famílias portuguesas poderão explicar, em parte, este tipo de abandonos.
Quando abandonados, os animais sofrem todo o género de maus tratos ficando igualmente sujeitos a contrair doenças. Para além do sofrimento infligido ao animal, o abandono é, portanto um risco para a saúde pública.

Por outro lado…  
São muitos dos animais que são abandonados na altura das férias de Verão, ou até colocados no lixo, ainda vivos.Bruno Ferreira, habitante numa pequena freguesia de Vila Nova de Gaia, Crestuma, acolheu uma gatinha com apenas um dia de vida em Agosto. Alimentou-a, tal como se fosse uma criança, de biberão, e de três em três horas, hoje a Mia é uma gata de cinco meses, “gorda e alegre”, é assim que o dono a descreve. 



Por: Joana Sofia Silva

MUNDOS PARALELOS

A vida de um aluno universitário marca-se pela agenda preenchida e falta de tempo para descanso. Desde aulas, trabalhos, frequências e exames finais, até à socialização inerente à vida académica; um jovem universitário raramente tem tempo para si. Existem porém vários indivíduos que paralelamente ao seu estudo mantêm um emprego ou participam em actividades extra-curriculares (dança, artes marciais, multimédia, etc).

Uma das actividades com mais aderência é a "música".
João Mota é um desses indivíduos, aluno do primeiro ano de Ciências da Comunicação e da Cultura na Universidade Lusófona do Porto (ULP), também é aluno no Fórum Cultural de Gulpilhares. Com o ensino básico de piano (5º Grau) e a Formação musical do Ensino Complementar (8º Grau) completo. Encontra-se neste momento a frequentar o 4ºGrau de Viola dedilhada, o 1º Ano a História da Música e 2º Ano de Análises e Técnicas de Composição. São várias disciplinas, que necessitam de várias horas de dedicação. Tal
tempo é díficil de arranjar e de organizar. Antes de ingressar no ensino superior dedicava em média 3 a 4 horas por dia a tocar o instrumento. Atualmente consegue tocar por dia 1 hora apenas.

O jovem admite encontrar dificuldades “...na distribuição do tempo”, sendo necessária uma avaliação de prioridades. Mas também encontra vantagens: “Continuo a estudar música porque gosto e penso que é uma mais valia para mim no futuro. E também aumenta a minha cultura”, eis a resposta para o porquê de continuar em música com as dificuldades que encontra em conciliar ambos mundos.
Outrora um ensino elitista assombrado pela crença que só se pode ser músico desde pequenino, o número de alunos de todas as idades (desde os 6 anos até aos 50) tem vindo a aumentar, tal como o contraste social e monetário também.

Tal é o caso de Simão Arinto que iniciou-se em Guitarra já com 18 anos.
Atende às aulas e tem evoluído com muita rapidez. Frequentava o segundo ano no curso de Comunicação Audiovisual e Multimédia na ULP quando decidiu dedicar-se à música por inteiro. Atualmente estuda para fazer
acumulação de anos a Guitarra e Formação Musical para poder concorrer ao Conservatório de Música do Porto.
Qualquer escola (oficial ou privada) aceita alunos desde que estes efectuem uma pequena prova de aptidão (Despacho nº18041/2008). Tanto Simão como João frequentam escolas privadas.

Localizado em Vila Nova de Gaia, o Fórum Cultural de Gulpilhares é uma das muitas escolas oficiais privadas de música no país. Tendo aberto as portas Oficialmente em 1997 (já existia préviamente), tem desde então leccionado o Ensino Artístico Especializado através do ensino articulado e nãoarticulado, cursos oficiais e livres.
Fundada e dirigida pelo Maestro Ramiro Lopes, a escola tem cursos especializados e oficiais nos seguintes instrumentos: violino, violoncelo, piano, canto, flaute transversal, óboe, trompete, trombone, harpa, clarinete, acordeão, percussão e saxofone.

Foi no saxofone que Sílvia Silva encontrou o seu instrumento de eleição. Frequenta o ensino musical à dez anos. Planeia concluir este ano o Ensino Complementar (8º Grau) a Saxofone e Formação Musical. As disciplinas de Análises e Técnicas de Composição e História da Música (necessárias para o diploma de ensino complementar especializado artístico) passaram para último plano, planeando concluí-las no ano lectivo de 2011/2012.

Sílvia é uma dos vários alunos que encontram grandes dificuldades em balançar os dois cursos. A 1 hora por dia que dedicava ao instrumento de sopro passou para 3 horas por semana. As vantagens de uma formação musical são simples: alternativa no mercado de trabalho. Quando inquirida sobre o porquê de continuar quando significa um horário tão carregado, Sílvia apenas respondeu que “tens as suas vantagens, eu gosto e faz bem ao stress!”.

A escola possui actualmente 230 alunos, incluindo cursos oficiais e livres. Dentro deste número mais de metade (70%) dos alunos encontram-se em ensino articulado, e grande parte (96%) pertence aos cursos oficiais. Ainda menor é o número de alunos que paralelamente ao ensino artístico  especializado frequentam o ensino superior: sete. Coicidentemente, dos sete alunos, três frequentam a Universidade Lusófona do Porto no curso de  Ciências da Comunicação e da Cultura - Jornalismo, um respectivamente em  cada ano.

Apesar dos números parecerem pequenos, o número de alunos tem vindo a crescer de ano para ano. Tal cenário é partilhado por outras escolas. De fato, estatísticas retiradas do dossiê do Ministério de Educação, “Educação Em  Números – Portugal 2010”, demonstram uma aderência vagarosa mas um crescimento estável.

Maestro Ramiro Lopes – Perfil Artístico
Joaquim Ramiro de Sousa Lopes, iniciou os seus estudos musicais aos nove anos de idade. Frequentou as Escolas do Conservatório de Música de Lisboa e da Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana. Foi músico solista em harpa, instrumentos em lâminas e tímbales na Banda Sinfónica, na Orquestra Ligeira da Radiodifusão Portuguesa e na Orquestra Sinfónica Juvenil, tendo integrado igualmente, a título eventual as Orquestras Sinfónicas da Radiodifusão Portuguesa e do Teatro S. Luís. Renunciando ao convite da
Orquestra Sinfónica do Porto e ao profissionalismo na área da Música, regressou à sua  terra natal para aí formar a sua Escola de Música e o Coral de Gulpilhares.

Por: Lara Costa

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