segunda-feira, 28 de maio de 2012

Entrevista a Anastacia Tychynska


«Nunca gostei de ser igual aos outros.»

Anastacia Tychynska tem 19 anos e alguns fãs nas redes sociais. É ucraniana, vive em Portugal há 11 anos, é vegetariana há três e gosta de animais. O cabelo colorido e o estilo alternativo captam muitas atenções, mas Anastacia é também conhecida por fazer parte das Suicide Girls. Trata-se de um site que promove e apoia modelos do sexo feminino com visuais que não correspondem aos padrões sociais mais comuns. Isto inclui uso de piercings, tatuagens, estilos alternativos e menor rigor com as medidas.



Fotografia: Laura Palmer


Jessica Santos (Ipsis Verbis)
Vieste para Portugal com 9 anos. Como foi deixar Kiev, na Ucrânia, e uma infância com pessoas e lugares para trás?

Anastacia Tychynska
Eu na altura não estava bem a pensar no que ia deixar, estava há um ano sem a minha mommy e só queria estar com ela. E também era muito nova para perceber bem o que estava a acontecer e para onde ia, só me apercebi disso passado um bom tempo.

Jessica Santos (Ipsis Verbis)
Consideras-te mais portuguesa do que ucraniana?



Anastacia Tychynska
Amm não diria isso, porque sou uma Ucraniana orgulhosa ahahahah deves ter notado pela tatuagem no braço. [Anastacia tem tatuada no braço uma boneca russa] Gosto bastante da Ucrânia mas não sei se voltaria para lá viver, só de férias.

Jessica Santos (Ipsis Verbis)
Em relação à tatuagem, é um dos vários elementos que te torna visualmente diferente da maioria das pessoas da tua idade. Tens também piercings, pintas o cabelo com várias cores e inspiras-te nas pin ups e em modelos de beleza alternativos para te vestires. Quando surge este interesse pela moda alternativa?

Anastacia Tychynska
Eu nunca gostei de ser igual aos outros. Sempre fui um pouco esquisita e a minha mãe começou a notar isso muito cedo. Comecei a desenvolver o meu próprio estilo aos 13 anos, quando quis vestir-me à minha maneira e aos 14 a pintar o cabelo, a fazer aquilo que realmente me interessava e não aquilo que era o padrão da sociedade. A partir daí deixei-me levar pelo que sou realmente e aqui estou J

Fotografia: Bruno Rosa



«Quando conheci as Suicide Girls soube que queria ser como elas»

Jessica Santos (Ipsis Verbis)
E achas que se te vestisses de outra forma te tinhas tornado conhecida da mesma maneira nas redes sociais?



Anastacia Tychynska
Eu às vezes pergunto-me o mesmo, e nunca consegui uma resposta.




Jessica Santos (Ipsis Verbis)
E o que sentes quando vês que tens mensagens e comentários de pessoas que não conheces a elogiarem-te e a dizer que és um modelo para elas?




Anastacia Tychynska
É um grande incentivo, porque  ver tantas pessoas a gostarem do meu trabalho e da maneira que eu sou faz com que queira ser ainda melhor e progredir mais nas coisas.



Jessica Santos (Ipsis Verbis)
Por falar em trabalho, presumo que te refiras às Suicide Girls (SG), das quais fazes parte. Piercings e tatuagens são bem-vindos dentro da comunidade. Já tinhas contacto com a moda antes de te interessares pelas SG?

Anastacia Tychynska
Em relação a piercings e tatuagens, antes de entrar para as SG já tinha a maioria das tats que tenho e piercings. Mas tive conhecimento das Suicide Girls muito cedo pelo Youtube e a partir daí soube que queria ser como elas e que havia um lugar para pessoas como elas são.

Jessica Santos (Ipsis Verbis)
Qualquer pessoa entra para a comunidade ou há critérios e regras?



Anastacia Tychynska
Não há critérios nem regras. Qualquer pessoa pode candidatar-se a ser SG e qualquer pessoa pode ser membro, mas claro, só a partir dos 18 anos.

Jessica Santos (Ipsis Verbis)
Uma característica destas modelos é que tiram fotografias com pouca roupa. Costumas receber comentários relacionados com isso?

Anastacia Tychynska
Com pouca roupa entre aspas, porque é nú completo. Basicamente é uma sessão constituída de 40/50 ou mais fotos que a modelo começa vestida e acaba nua.No início recebia comentários negativos, mas com o tempo acho que as pessoas perceberam que não me faz efeito nenhum e pararam. Mas também recebo comentários agradáveis.

Jessica Santos (Ipsis Verbis)
E os teus familiares lidam bem com o assunto? Nunca tentaram convencer-te a deixar a comunidade?

Anastacia Tychynska
A minha mãe é o meu maior apoio e ela sempre me disse que se é o que quero então força nisso.





Fotografia cedida por Anastacia Tychynska

«Gosto de estar do outro lado da câmara.»




Jessica Santos (Ipsis Verbis)
Voltando então às Suicide Girls, têm sido dadas a conhecer principalmente graças à internet e algumas redes sociais. Achas que sem estas redes o alcance da comunidade teria a mesma dimensão?

Anastacia Tychynska
Não, acho que não seria a mesma coisa.



Jessica Santos (Ipsis Verbis)
A única forma que tens de contactar com a comunidade é virtual?



Anastacia Tychynska
Com a comunidade fora de Portugal é a única opção, neste momento. Com a portuguesa não, estamos sempre em contacto umas com as outras pessoalmente.



Jessica Santos (Ipsis Verbis)
E o que é que queres ser quando fores «grande»? Modelo?



Anastacia Tychynska
ahaha gostava mesmo de progredir na carreira de fotógrafa. Foi algo que sempre gostei, estar do outro lado da câmara.


Fotografia cedida por Anastacia Tychynska


Convidamos agora os nossos leitores a visualizarem o primeiro vídeo que Anastacia Tychynska disponibilizou no Youtube, já vão dois anos.

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