terça-feira, 7 de junho de 2011

Geração Esclarecida

Os resultados das eleições legislativas vieram provar o desagrado vivido por todos os portugueses, a desconfiança sentida por muitos e uma geração que vive “à rasca” mas vive informada, e consegue manter-se descontraída.
No dia 12 de Março de 2011, o protesto da “Geração à Rasca” mobilizou cerca de 500 mil pessoas pelo país inteiro. Organizadas pelo M12M (Movimento de 12 de Março) através das redes sociais (Facebook, Twitter, etc), as manifestações tiveram uma adesão inesperada de aproximadamente 200 mil pessoas em Lisboa, e 80 mil no Porto.
Nomeando-se um “movimento informal, não hierárquico, apartidário, laico e pacífico que defende o reforço da Democracia em todas as áreas”, o M12M viu-se apoiado tanto por grupos de extrema-direita como de extrema-esquerda. Garcia Pereira, o líder do PCTP-MRPP e Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, juntaram-se às massas na manifestação de Lisboa.
Quase 3 meses depois das manifestações, as eleições legislativas obtiveram resultados chocantes com 41,1% de abstenção (número mais elevado de sempre em legislativas). As reacções foram várias, e dentro das redes sociais, uma destacou-se: “Onde estava a Geração à Rasca?”.
O próprio movimento da geração à rasca, M12M, lutou contra a abstenção com iniciativas para o esclarecimento dos cidadãos. A organização chegou a enviar questões a todos os partidos sobre os programas eleitorais e a partilhar as respostas online, para que os cidadãos pudessem “votar informados” nas legislativas de domingo passado.
Apesar destas medidas, a maioria dos jovens apresentou-se duvidosa da fiabilidade dos partidos em campanha e, face a questionários do Facebook, respondeu que não iria votar, justificando-se com a frase “não existe um partido político credível em Portugal”.
No rescaldo das eleições, circulam inquéritos online pela população jovem portuguesa, que tentam averiguar quais as razões para um número tão alto de abstenção. As respostas variam desde “Falta de responsabilidade cívica”, “Estupidamente há muita gente que não quer saber disto para nada”, até
“Se um dos candidatos fosse o Chuck Norris aposto que descia para 0%”
. Mas quando inquiridos pessoalmente, as respostas são mais ponderadas. Sílvia afirma que não votou porque nenhum candidato “era de jeito”, já Elsa Correia viu-se impossibilitada de o fazer porque estava a trabalhar.

Outros votaram, mas não no partido usual. Pedro Brandão, bloquista, votou no Partidos dos Animais e da Natureza porque “se não por apresentar um novo conceito e uma ideologia consciente, pelo menos para tentar conseguir eleger um deputado dos chamados partidos pequenos”. Já Francisco Fernandes, “camarada “ de Pedro Brandão, votou no Partido Democrático do Atlântico por “ter sido dos únicos a apresentar um programa eleitoral decente”, defendendo que “a maioria dos portugueses não analisa todos os programas eleitorais mas só o do seu partido”.
Apesar do grande número de abstenção, os poucos “membros” da Geração à Rasca que votaram (mesmo que voto branco), mostram ser uma geração esclarecida. Num país em que, até agora, só dois grandes partidos “prosperavam”, os pequenos partidos começam a conquistar apoiantes, por vezes de formas pouco convencionais como através das redes sociais.
A Geração à Rasca demonstra ser uma geração preparada para um futuro incerto e com capacidade para combater o imprevisto, mesmo que signifique “votar para mostrar o desagrado”.


Pode consultar os resultados das eleições aqui
Mais informações do M12M aqui


Por: Lara Costa


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