terça-feira, 7 de junho de 2011

"A Rua é a minha casa"



Hipotecaram as suas vidas desde que foram viver para as ruas acompanhados pelo vício. A droga, o álcool e os problemas familiares fizeram com que estes homens e mulheres abandonassem uma casa com tecto, para se tornarem sem-abrigo na cidade do Porto.

Sete anos, 2555 dias é o tempo que “Tiago” (nome fictício) vive nas ruas da cidade do Porto: “Perde-se a noção do tempo, os dias são todos iguais”. Hoje, aos 29 anos confessa que foi o vício da droga que o desencaminhou. Afirma que sempre foi um jovem difícil e que a mãe, a única pessoa que se preocupava com ele, apesar de o ter castigado não conseguiu com que ele “ganhasse juízo”. Mesmo mostrando-se reticente, encolhendo os ombros sempre que lhe era perguntado algo sobre a sua vida, por essa razão não quis tirar fotografias nem dar o seu nome verdadeiro, continua “O meu pai chegava a casa muitas vezes bêbado e batia na minha mãe, assisti muitas vezes a cenas de violência e cheguei a um ponto que não aguentava mais, meti-me com as pessoas erradas e hoje estou nesta vida”, recorda.“Para ganhar dinheiro, arruma carros, pede nas ruas ou desloca-se até às portas de mercados, onde costuma estar muita gente. Esse dinheiro vai exclusivamente “para o vício”, pois “os restaurantes na hora do fecho dão os restos, e quem já está na rua há muito tempo sabe onde se deslocar”.
As equipas de rua que, à noite, confortam os estômagos dos sem-abrigo e aquecem os seus corpos cruzam-se várias vezes com a rotina de Tiago. “São uns chatos, mas ajudam-me”, afirma. Apesar de ainda ser um jovem afirma que não quer “voltar para casa” e sabe que “deixar isto é uma tarefa difícil, por isso, não me engano a mim próprio”. “Tiago” afirma “a rua é a minha casa”.

Veja aqui mais informações sobre os sem-abrigo do Porto.
Veja aqui o retrato de uma mulher sem-abrigo.
Veja aqui informações sobre o Perfil dos sem-abrigo do Porto.


Por: Joana Silva

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