quinta-feira, 29 de março de 2012

Promoção de concertos em Portugal

Os preços dos concertos aumentarão, caberá às pessoas escolher aqueles que sabem que são realmente especiais.”






A promoção de concertos em Portugal constitui-se, como em qualquer outro país, por promotoras ditas “mainstream”e outras de cariz mais alternativo. André Mendes, 28 anos, fundador da promotora Amplificasom e igualmente envolvido, sempre que necessário, em eventos de grande magnitude, explica detalhadamente como ambas funcionam, dando também uma perspectiva pessoal em relação à sua própria promotora.

Jorge Alves: Como fundador da Amplificasom, uma pequena promotora de espectáculos, e assistente de produção em eventos musicais de maior dimensão, como é ,para si , trabalhar nas duas vertentes da mesma área?
André Mendes: Considero a Amplificasom uma promotora que, apesar de ser menor do que a Everything Is New ou a Música no Coração, é bastante única e distinta naquilo que organiza e produz. Quanto ao "assistente de produção", a minha participação noutros eventos é sempre como amigo e com o objectivo de dar uma mão. Há muito trabalho invisível da própria Amplificasom que não passa nem pode passar cá para fora, mas de qualquer maneira são áreas diferentes e é na promotora que me revejo, claro.

JA: Na sua opinião, haverá possibilidade para promotoras como a Amplificasom ou a Lovers And Lollypops, singrarem no nosso país ?
AM: A Amplificasom e a Lovers são promotoras conhecidas não só em Portugal mas lá fora também. São únicas no que fazem e trabalham com bandas e músicos internacionalmente reconhecidos. Se nos referirmos ao mainstream, nunca foi a nossa intenção e não vejo como encher um Pavilhão Atlântico com uma Britney Spears ou algo do género é mais importante do que encher o Plano B com as Nisennenmondai, por exemplo. O objectivo é sempre aprender mais para continuar a crescer, mas a Amplificasom nunca será nem quer ser mainstream.

JA: Nos últimos dois anos, o festival Milhões de Festa , organizado pela Lovers And Lollypops, tem -se tornado cada vez mais popular. Acredita que a recepção positiva deste evento barcelense levará a que as pessoas prestem mais atenção a outros eventos com bandas mais desconhecidas?

AM: Não creio. Antes duma Lovers ou duma Amplificasom já existiam promotoras como a Mouco, Esquilo ou Soopa a oferecer alguns dos melhores concertos que eu vi na minha vida.

Piscina do festival Milhões de Festa. Em franco crescimento desde 2010, apesar de já se realizar antes. Em 2011 recebeu 3.500 pessoas.

JA: No passado mês de Outubro, a Amplificasom organizou a primeira edição do seu próprio festival, o Amplifest, que teve lugar no Hard Club. A nível de apoios, nomeadamente financeiros, quais são as principais diferenças entre um festival como este e outros mais reconhecidos como o Rock In Rio ou o Optimus Alive?

AM: Não existem apoios. Mas não somos de nos queixarmos, fazemos o que queremos e quando queremos. O Amplifest, por exemplo, foi o resultado de muita dedicação e sacrifício. Foi óptimo no sentido de os concertos terem corrido bem e de o evento ter sido elogiado, mas não foi uma tarefa fácil organizá-lo.

JA: Considera que os elogios às organizações mais modestas têm fundamento, ou estão as grandes promotoras a serem injustiçadas?

AM: Mais uma vez, só posso falar por nós e há certos valores pelos quais nos guiamos. Se nos elogiam é sinal que estamos no caminho que deveríamos estar.



Cartaz de uma digressão com data no Hard Club no Porto. Na véspera, a promotora Prime Artists anunciou o cancelamento deste, o que provocou reacções negativas por parte de muitos fãs das bandas envolvidas no cartaz

JA: Outra característica apontada às grandes promotoras é a competição entre elas, sobretudo quando se trata de festivais de Verão. Acontece o mesmo entre as promotoras de menor dimensão?

AM. Aqui no Porto as promotoras unem-se, mas a concorrência quando justa é sempre saudável.

JA: Uma crítica que muitos fãs de músicas fazem aos festivais mais "mainstream" é o facto de estes nunca colocarem bandas desconhecidas ao lado das atracções principais. No futuro, poderá a situação mudar ou serão sempre as entidades promocionais mais alternativas a trazerem esse tipo de bandas a Portugal?

AM: Há espaço para todo o tipo de eventos, mas o importante é queixarmo-nos menos e apoiarmos mais.















Por: Jorge Alves

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