quarta-feira, 21 de março de 2012

Regresso às Aulas: A Arte de Trabalhar e Estudar



“Dar uma nova oportunidade ao futuro”. É esta a máxima utilizada por aqueles que se apresentam como: “Eu sou trabalhador-estudante”. Com a elevada taxa de desemprego, os portugueses viram-se obrigados a regressar à escola. Mas, a idade mudou, a mentalidade transformou-se e, trazem com eles um outro estatuto, o de trabalhador. 


Ana Pinto: Qual a razão que o levou a não prosseguir com os estudos, após terminar o secundário?
Agostinho Neto: A minha independência económica foi o principal motivo que me levou a abandonar os estudos. O facto de não gostar de estudar foi, também, uma das razões que ajudaram na decisão.

A.P.: A vertente económica teve algum peso na decisão?
A.N.: Sim, posso dizer que sim.  As despesas são enormes, quando optámos por ir para a faculdade e, também, nunca fui um aluno exemplar, logo a minha média nunca iria permitir que conseguisse entrar numa universidade pública. Neste caso, os gastos iriam aumentar.

A.P.: Com apenas o 12º ano, foi fácil encontrar emprego?
A.N.: É claro que não. Os tempos já se adivinhavam difíceis e eu não possuía qualquer experiência no mercado de trabalho. Estive cerca de um ano à procura de emprego. As empresas são muito exigentes na seleção que fazem. Exigem, obviamente, o ensino obrigatório, mas também exigem alguns anos de experiência, o fator essencial que eu não possuía.

A.P.: Como foi a adaptação ao mercado de trabalho?
A.N.: Não foi fácil… nada fácil, aliás. Nós, jovens, pensamos que conseguimos ter controlo sobre tudo e todos e, a partir do momento em que comecei a trabalhar, deparei-me com o  oposto.

A.P.: Ao fim de três anos a trabalhar, decidiu voltar a estudar. Porque reconsiderou a decisão?
A.N.: Queria saber e ser mais. Com a taxa de desemprego a aumentar dia após dia, percebi que deveria apostar num futuro melhor e, para isso, estudar seria a solução. Além disso, os riscos do meu emprego tiveram um peso considerável na minha decisão.

A.P.: Estudar e trabalhar, ao mesmo tempo, não é fácil. Qual o segredo para conciliar ambos?
A.N.: Gerir bem o tempo e organizá-lo da melhor forma possível. O facto de trabalhar das sete horas às catorze horas e trinta minutos permite-me usufruir da tarde e, assim, conseguir manter o estudo e os trabalhos em dia.

A.P.: Tem conhecimento que, ao ser trabalhador-estudante, usufrui de direitos específicos?
A.N.: Sim, tenho noção disso. Posso usufruir do dia anterior a uma prova escrita para estudar e o respetivo dia da mesma. Se se tratar de um exame final, possuo dois dias para me preparar.

A.P.: Para si, “abandono escolar” é sinónimo de…
A.N.: Arrependimento.

“Portugal, Portugal, a quanto nos obrigas…”

         Com a situação económica insustentável do país, é necessário encontrar soluções para “coser” buracos financeiros e lutar por uma vida estável. A solução é apostar numa formação escolar mais sólida e partir à aventura, sem receios.

Distante vai o tempo, onde Portugal era conhecido pelos elevados níveis de cidadãos analfabetos, níveis atribuídos, sobretudo, às mulheres, cuja principal função era cuidar e zelar pela família.  Mas, estamos no século XXI e, embora o termo “analfabeto” se encontre em vias de extinção, o desemprego assume grande relevância no país.

As candidaturas ao ensino superior estão a crescer. Mas, os candidatos optam pela entrada nas universidades públicas, devido ao prestígio e à contenção de gastos.
Em 2005, José Sócrates discursou ao país e declarou “O desenvolvimento do país confronta-nos com uma opção clara e inadiável: a aposta na qualificação da população portuguesa”. Propôs aos portugueses a inscrição nos centros Novas Oportunidades.
Durante os seis anos do “Governo de Sócrates”, a iniciativa “Novas Oportunidades” contribuiu para a evolução dos portugueses.Graças à facilidade de acesso muitos estudantes conseguiram completar a escolaridade obrigatória. Esta opção de qualificação tem proporcionado progressos importantes.
A arte de trabalhar e estudar é tarefa complicada, mas, tal como mostra Agostinho “a ambição deve ser sempre maior, para que seja possível, construir pilares firmes e consistentes” para a glória do país.



Por: Ana Pinto


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