domingo, 6 de fevereiro de 2011

Tiro ao prato: Atiradora consagrada numa modalidade de homens

A jovem Ana Rita Rodrigues encontra-se nos lugares prestigiados entre os melhores atiradores portugueses. Familiarizada com os campeonatos europeus e mundiais, aos 19 anos, as armas não guardam segredos para ela e junta troféus.

Aos 19 anos, Ana Rita Rodrigues já tem uma ampla experiência com as armas. Vive em Vieira do Minho e atira pelo Clube de Caçadores da Póvoa de Lanhoso. Desde pequena que se mantém nestas andanças e tem cultivado sempre o seu gosto pela modalidade, “Quando tinha cerca de 10 anos, comecei a acompanhar o meu pai nas provas de tiro, o que começou a despertar a minha atenção”. Não foi preciso muito tempo para a atleta começar a juntar troféus. 
As armas já não têm segredos para a jovem. Habituou-se a disparar com precisão e rapidez, mas admite que a maior característica num atirador é “acima de tudo gosto pela modalidade”, mas também umas boas “capacidades técnicas para uma boa execução do tiro, humildade e uma personalidade forte” para aguentar a pressão nos momentos decisivos.

Na mesma medida destas características, o atirador também deve desfrutar de uma estabilidade financeira. Em termos gerais, o Tiro Desportivo é considerado um “desporto caro”. A jovem atiradora explica este conceito pelos “custos elevadíssimos, e nada apoiados”. A modalidade exige determinados investimentos suportados única e exclusivamente pelo atleta. Para ser federado na modalidade é necessário “tirar licença de tiro desportivo e fazer anualmente o exame de aptidão na federação (regulamento). E claro, para quem quiser fazer as provas da federação, terá que desembolsar o dinheiro das inscrições para cada prova e para os cartuchos." As deslocações e a arma podem ter diversos preços, tudo isto, sustentado pelo próprio atirador.

A atleta nota grandes diferenças na preparação das mulheres portuguesas relativamente a outros países “nas grandes selecções, os atletas são profissionais e dedicam-se a 100 por cento à modalidade. São muito bem acompanhados pelos treinadores e restante equipa técnica que tratam do seu sucesso no tiro. Em Portugal, isso só é possível se estes gastos forem sustentados pelos atiradores. A federação infelizmente incentiva mais o sexo masculino, o que faz com que o tiro feminino não vá evoluindo e vá tendo cada vez menos praticantes”. É muito difícil serem somente profissionais de tiro em Portugal porque “não se é suficientemente apoiado para que tal possa acontecer”, conclui a atleta, desapontada.

Rita, depara-se com outros embaraços ainda não ultrapassados. A jovem considera que ainda há preconceito relativamente às mulheres no tiro ao prato. E serve-se destas razões para justificar o facto de haver poucas mulheres a praticarem Tiro Desportivo, pela “discriminação” que se faz no país. Ao contrário de Portugal, os “outros países tem cada vez mais praticantes femininos". Os atiradores experientes, António Barros e Bernardino Barros, têm outra visão e dizem não haver preconceito na modalidade. O atirador, António Barros, esclarece esta visão e diz que há “mais competição na categoria masculina”, e é por este facto que normalmente o público masculino está mais concentrado e interessado nos resultados da categoria masculina.

Apesar das dificuldades, a atiradora sente muito orgulho em vingar numa modalidade vista como “masculina”. Em entrevista, mostrou-se orgulhosa em vencer quando a participação masculina é uma maioria “é um gosto diferente, pois os homens ficam envergonhados quando derrotados por mulheres. E eu gosto especialmente de os derrotar”, admite com um enorme sorriso.
Com uma carga horária diferente das outras raparigas da sua idade, Ana Rita tenta a todo custo conciliar as aulas da Universidade com os treinos e provas de tiro. Um exemplo de mulher num mundo masculino, tal como outras que têm vindo a ascender na modalidade. Como atiradora consagrada nacionalmente e internacionalmente, deixa um incentivo às mulheres, “não tenham medo de praticar o tiro, pois o tiro praticado em segurança, é bastante agradável e traz grandes vivências. O tiro é um desporto como outro qualquer, não é um desporto só para homens”. Ana Rita Rodrigues, contraria todos os padrões que indicam o Tiro ao Prato como um “desporto masculino” e vence sem fronteiras na modalidade.
Por: Carina de Barros

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