O
Acrobactic é um concurso para jovens
designers que pretendem vingar no mundo da Moda. Na sua 8ª edição, e com a
entrega dos prémios do Público, Melhor
Coleção, Melhor Coordenado Masculino e Melhor Coordenado Feminino, Ivan Almeida
arrecadou 1000€ no prémio do Público, com a sua coleção, Pas de Burcroix.
No âmbito de NewcomersWeek, a Exponor proporcionou um desfile, patrocinado pela Best Models, que foi representado por
estudantes da ESAD (Escola Superior de Artes e Design), MODATEX (Centro de Formação
Profissional da Indústria Têxtil), e
FAUTL (Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa).
Nome: Ivan Almeida
Idade: 20
Profissão: Estudante de Design de Moda
Inês Sousa: Por que razão
decidiste entrar no concurso do Acrobactic?
Ivan Almeida: Acima de
tudo por achar um concurso que dá a todos os participantes muita visibilidade e
porque achei que o tema do concurso era aliciante.
I.S.: Qual foi o método do
teu trabalho até ao desfile?
I.A.: Primeiro desdobrei o
tema “Crença” que me foi imposto. Após alguma pesquisa de imagens, comecei a
trabalhar em direção ao meu subtema, o uso de burcas na sociedade Islâmica. Resolvi assim, fazer uma coleção
que de certa forma criticasse o uso das burcas. O nome na minha coleção surge
como resposta a isso Pas de Burcroix,
significa negação ao uso de burcas. Sendo uma critica, achei por bem usar cores
escuras, como o preto e cinzas.
I.S.: Tiveste algumas
dificuldades em conciliar a preparação para o desfile e o trabalho no Modatex?
I.A.: Sim, muitas. Porque
na altura que estava a desenvolver o projeto para o concurso, estava no fim do
meu primeiro ano do Modatex. Na escola,
tinha que desenvolver uma coleção de 8 coordenados, para a Chloé. Depois de saber que
fui selecionado para a segunda fase do Acrobactic, surgiram ainda dois
concursos, um proposto pelo meu coordenador, Triumph Inspiration Awards; e outro proposto pelo meu formador de
modelação, Skills Portugal. Aí fiquei
completamente perdido, não sabia o que começar por fazer. Tinha aulas das 9h
até as 22h. Mas com ajuda dos meus amigos e formadores, e com muita força de
vontade consegui conciliar tudo.
I.S.: Estavas à espera de
ser selecionado para o desfile? Porquê?
I.A.: Ao início pensava
para mim, que o melhor prémio seria conseguir ser selecionado para o desfile.
Era o reconhecimento do meu trabalho perante o júri. Mas depois, com o acumular
de trabalhos da escola com os outros dois concursos, e pelos comentários
negativos dos meus formadores, comecei a desmotivar-me e, a achar que não seria
selecionado. Aliás, quando saíram os resultados no site do Acrobactic, eu
perguntei a diferentes pessoas para verificar se o nome da minha coleção estava
mesmo lá. Fiquei incrédulo.
I.S.: Achas que os custos
para o desfile valeram a pena todo este processo? Porquê?
I.A.: Sim, sem dúvida.
Quando resolvi candidatar me ao concurso, primeiro pensei se valeria ou não a
pena. E, depois de consultar a opinião de várias pessoas, achei que se nunca
participasse nunca iria saber se valeria a pena ou não.
I.S.: Qual foi a sensação
de teres ganho o prémio do público?
I.A.: Foi ótima. Porque
ser eleito pelo público significa que quem votou, gostou do meu trabalho. Mas
só alguns dias depois é que cai em mim, não conseguia acreditar que logo eu,
tinha ganho um prémio.
I.S.: Quais foram os
comentários do júri em relação à tua colecção?
I.A.: Do júri não obtive
qualquer tipo de comentário. Várias pessoas influentes no mundo da moda vieram
falar comigo posteriormente ao desfile e elogiaram-me. Isso para mim foi sem
dúvida o melhor prémio. Ouvir um elogio do Miguel Flor, “Para mim a tua coleção
é uma das melhores, senão a melhor.” é sempre muito mais sentido do que outra
coisa, afinal são pessoas como ele, que fazem com que apareçam novos designers
em Portugal.
I.S.: Agora que estás a
acabar o curso no Modatex, quais são os teus projetos para o futuro?
I.A.: Para já quero absorver ao máximo tudo o que
aprendo na Modatex. Depois tenho um estagio curricular de seis meses. Agora
depois disso, não sei. Gostava de ir para Londres tirar o mestrado na CentralSaint Martins ou então ir para a Faculdade de Belas Artes tirar uma
licenciatura em Design de Comunicação. Sinto que ainda tenho muito para
aprender.
I.S.: A maioria dos
estudantes de Moda acreditam que existem mais oportunidades no estrangeiro.
Qual é a tua opinião sobre isso?
I.A.: Pelo menos a nível
de formação sou da mesma opinião. Cá em Portugal quase não existem mestrados em
moda, e os que existem não são bons. Eu próprio comecei uma licenciatura em
Design de Moda na Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa e
achei que não aprendia nada. Faltavam-nos a parte técnica e criativa, num
semestre não aprendíamos nada. Cá em Portugal, o nosso curso da Modatex dá-nos
equivalência ao 12º ano, lá fora dá-nos equivalência a uma licenciatura.
Portanto, penso que perante esta situação, muitos estudantes da minha escola
ponderem ir para fora. A nível de carreira, penso que cá em Portugal será mais
fácil construir uma carreira com o nosso nome, porque há muito menos
concorrência. Lá fora são milhares para a mesma coisa. Mas penso que quem for
bom, é bom em qualquer sitio.
I.S.: Se voltasses atrás
mudavas alguma coisa na tua coleção ou achas que deste o teu melhor? Porquê?
I.A.:
Sim, mudava. Apesar de ter dado o meu melhor, penso que depois de executar um
trabalho ou uma coleção sou o primeiro a criticar. Penso sempre que aquilo já
não esta bem e que mudava logo algumas coisas. Acho que introduzia um
estampado, e que mudaria alguns tecidos. Jogava depois com alguns acessórios
para enriquecer a minha coleção.
Para ver a Fotogaleria do desfile da colecção, Pas de Burcroix, clique aqui.
Para ver o excerto do vídeo do desfile na Exponor, clique aqui.
Por: Inês Sousa
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