“Estive preso em
casa (…) depois vim para o CAO onde me sinto realizado”
Manuel Abílio Silva, tem 65 anos e é portador de
deficiência há 45 anos. A sua deficiência – amputação dos membros inferiores –
impede-o de realizar sozinho tarefas simples do dia-a-dia, como subir uma
escada, ou chegar a um objeto num móvel mais alto. É contra estas adversidades
que luta desde os 20 anos de idade, lutava também contra a solidão de quem
passava o dia em casa.
Desde 2003 que frequenta diariamente o CAO, onde
convive com mais 14 companheiros que enfrentam o dia-a-dia com um sorriso no
rosto, um sorriso que não se descreve, vê-se e sente-se na presença deles. No
seio do grupo, não há lugar a tristeza, solidão ou preocupação. A boa
disposição reina entre os 15 utentes – não há lugar para mais – que constituem
um grupo muito heterogéneo. As diferenças são visíveis mas o espirito de grupo
prevalece sobre estas.
Manuel Abílio Silva, utente do CAO
ADFA – Uma instituição com história
Criada em
maio de 1974 por deficientes militares que reclamavam o direito à dignidade, a
associação conta com mais de 15 mil associados e de 12 delegações espalhadas
pelo país e em Moçambique, cuja sede se encontra em Lisboa.
Com o principal objetivo de apoiar os seus associados,
a ADFA presta serviço social e jurídico, além das inúmeras atividades lúdicas
que proporciona. A saúde é uma área de referência, pois existem acordos com
instituições médicas que prestam consultas de, por exemplo, fisioterapia ou
psicologia.
Com valores definidos como a igualdade, a
independência, a inserção social, a participação e a solidariedade, a ADFA
assume-se como uma associação livre e que põe os direitos dos seus associados
em primeiro lugar.
CAO: O filho
prodígio
O Centro de Atividades
Ocupacionais da delegação do Porto, existe desde 1999, com o apoio financeiro
da segurança social portuguesa. Este projeto tem como principal objetivo a
manutenção do equilíbrio emocional, físico e social dos seus utentes,
contribuindo para que haja um desenvolvimento destes. Destinada a portadores de
deficiência (não obrigatoriamente militar), o CAO luta pela integração de quem
nele participa, desenvolvendo atividades diárias como expressão plástica,
educação física, informática ou terapia ocupacional – hidroterapia e boccia. Este tipo de atividades estimula
o cidadão portador de deficiência, tornando-o mais independente, o que faz com
este se sinta mais realizado.
Margarida Marques, assistente
social e coordenadora do CAO, revelou que este centro para os utentes “é muito
bom, pois estimula o desenvolvimento” e faz com que “eles não se sintam
sozinhos”. A nível de dificuldades, a coordenadora referiu que “as maiores
dificuldades prendem-se com a organização de atividades”, salientando que estas
surgem com o facto de o grupo ser heterogéneo, não só a nível de idades mas
também de deficiências.
Trabalho realizado por utentes do CAO
O CAO tem parcerias com outras
instituições, principalmente lares, como a Casa das Glicínias, com que
habitualmente desenvolve atividades de lazer. É também já uma imagem do Centro
de Atividade Ocupacionais, a Semana Desportiva que vai já na sua sexta edição e
que abre as portas a outros centros como a Associação de Pais Professores e
Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) ou o Centro de Reabilitação Profissional
de Gaia (CRPG)
por: Pedro Miguel Martins
Sem comentários:
Enviar um comentário