Hélder Silva, jornalista na RTP desde 1997, tornou-se num dos pivôs do Jornal da Tarde. Apesar da exposição pública a que está submetido, afirma que não o perturba e que tem a vida perfeitamente normal.
Idade: 37 anos
Naturalidade: Guimarães
Profissão: Jornalista
Estado Civil: não responde
Francisca Gonçalves: Dada a exposição pública, a que está submetido, sente o reconhecimento
das pessoas diariamente?
Hélder Silva: É natural que, numa ou noutra circunstância, sinta que quem passa por
mim olha com mais curiosidade ou faça até um comentário sobre o meu trabalho.
Já aconteceu muitas vezes mas sempre com simpatia e cordialidade.
F.G.: Sente que as pessoas o tratam de forma diferente/
beneficiada devido a essa exposição?
H.S.: Se algumas pessoas me reconhecem profissionalmente na rua e me abordam
mesmo não me conhecendo pessoalmente, é óbvio que esse tratamento é
diferenciador. E também é verdade que numa ou noutra circunstância, já me senti
beneficiado pela exposição que o meu trabalho implica, mas nunca por minha
iniciativa. Se quer um exemplo, já aconteceu estar muita gente à porta de uma
discoteca para entrar e o porteiro me chamar porque me viu, mas não fui eu que
lhe fiz qualquer sinal. Não tenho esse hábito.
F.G.: Existe alguma sensação/sentimento diário de responsabilidade social devido à sua profissão?
H.S.: Sempre. Seria insensato e até irresponsável da minha parte não assumir
que essa responsabilidade social existe. O que não quer dizer que mude
comportamentos pessoais em função dessa responsabilidade social.
F.G.: A exposição pública a que está sujeito incomoda-o ou priva-o
de desempenhar alguma actividade quotidiana?
H.S.: Não. O que essa exposição pública me traz (e só posso falar por mim)
não me perturba minimamente. Desde logo porque é substancialmente diferente a
forma como os apresentadores de informação que trabalham e vivem no Porto são
tratados pelas revistas sociais e temáticas (de Televisão) em comparação com os
apresentadores de informação que trabalham e vivem em Lisboa. As revistas
sociais não tem por hábito dar muita relevância a quem vive e trabalha no Porto.
E ainda bem, digo eu. Para além disso, tal como disse na questão anterior, não
mudo comportamentos por causa da responsabilidade social que o meu trabalho
implica. Tenho uma vida perfeitamente normal.
F.G.: Se tivesse a possibilidade de escolher entre o reconhecimento
público ou o anonimato qual era a opção?
H.S.: Não vivo para uma coisa nem outra, pelo que me é absolutamente
indiferente. Tenho uma profissão que adoro, que me realiza profissional e
pessoalmente e que, como sublinhei na questão anterior, não me traz dissabores
na forma como sou tratado nem na rua, nem pelas revistas.
F.G.: Considera-se uma figura pública?
R: Se entendermos por figura pública alguém que tem uma exposição
mediática que o(a) torna reconhecida na rua, nos cafés ou noutros espaços,
talvez seja. Mas isso não tem para mim qualquer relevância.
H.S.: Já teve alguma situação caricata de intervenções do
público?
R: Para além de me trocarem sempre o nome e até o canal em que trabalho,
não. Lembro-me apenas de um episódio já com vários anos de um grupo de senhoras
que me abordou no interior de uma loja de roupa para dizer que a informação que
fazíamos era uma vergonha porque só queríamos sangue, homicídios e crime e que
a “TVI devia era fechar”. Quando lhes expliquei que trabalhava na RTP,
pediram-me muita desculpa e até insistiram para me pagar um café.
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Por: Francisca Gonçalves
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