«Nunca gostei de ser igual aos outros.»
Anastacia Tychynska tem 19 anos e alguns fãs nas redes sociais. É ucraniana, vive em Portugal há 11 anos, é vegetariana há três e gosta de animais. O cabelo colorido e o estilo alternativo captam muitas atenções, mas Anastacia é também conhecida por fazer parte das Suicide Girls. Trata-se de um site que promove e apoia modelos do sexo feminino com visuais que não correspondem aos padrões sociais mais comuns. Isto inclui uso de piercings, tatuagens, estilos alternativos e menor rigor com as medidas.
Fotografia: Laura Palmer
Vieste para Portugal com 9 anos. Como
foi deixar Kiev, na Ucrânia, e uma infância com pessoas e lugares para trás?
Eu na altura
não estava bem a pensar no que ia deixar, estava há um ano sem a minha mommy e só queria estar com ela. E
também era muito nova para perceber bem o que estava a acontecer e para onde
ia, só me apercebi disso passado um bom tempo.
Consideras-te mais portuguesa do que
ucraniana?
Amm não diria isso, porque sou uma Ucraniana orgulhosa ahahahah deves ter notado pela tatuagem
no braço. [Anastacia tem tatuada no braço uma boneca russa] Gosto bastante da
Ucrânia mas não sei se voltaria para lá viver, só de férias.
Em relação à tatuagem, é um dos
vários elementos que te torna visualmente diferente da maioria das pessoas da
tua idade. Tens também piercings, pintas o cabelo com várias
cores e inspiras-te nas pin ups e em modelos de beleza alternativos para te
vestires. Quando surge este interesse pela moda alternativa?
Eu nunca
gostei de ser igual aos outros. Sempre fui um pouco esquisita e a minha mãe começou
a notar isso muito cedo. Comecei a desenvolver o meu próprio estilo aos 13
anos, quando quis vestir-me à minha maneira e aos 14 a pintar o cabelo, a fazer
aquilo que realmente me interessava e não aquilo que era o padrão da sociedade.
A partir daí deixei-me levar pelo que sou realmente e aqui estou J
Fotografia: Bruno Rosa
«Quando conheci as Suicide Girls soube que queria ser como elas»
E achas que se te vestisses de outra
forma te tinhas tornado conhecida da mesma maneira nas redes sociais?
Eu às vezes pergunto-me
o mesmo, e nunca consegui uma resposta.
Jessica Santos (Ipsis Verbis)
E o que sentes quando vês que tens mensagens e comentários de pessoas que não conheces a elogiarem-te e a dizer que és um modelo para elas?
Jessica Santos (Ipsis Verbis)
E o que sentes quando vês que tens mensagens e comentários de pessoas que não conheces a elogiarem-te e a dizer que és um modelo para elas?
É um grande
incentivo, porque ver tantas pessoas a
gostarem do meu trabalho e da maneira que eu sou faz com que queira ser ainda
melhor e progredir mais nas coisas.
Por falar em trabalho, presumo que te
refiras às Suicide Girls (SG), das quais fazes parte. Piercings e tatuagens são bem-vindos
dentro da comunidade. Já tinhas contacto com a moda antes de te interessares
pelas SG?
Em relação a
piercings e tatuagens, antes de entrar para as SG já tinha a maioria das tats que tenho e piercings. Mas tive
conhecimento das Suicide Girls muito cedo pelo Youtube e a partir daí soube que
queria ser como elas e que havia um lugar para pessoas como elas são.
Qualquer pessoa entra para a
comunidade ou há critérios e regras?
Não há critérios
nem regras. Qualquer pessoa pode candidatar-se a ser SG e qualquer pessoa pode
ser membro, mas claro, só a partir dos 18 anos.
Uma característica destas modelos é
que tiram fotografias com pouca roupa. Costumas receber comentários
relacionados com isso?
Com pouca
roupa entre aspas, porque é nú completo. Basicamente é uma sessão constituída
de 40/50 ou mais fotos que a modelo começa vestida e acaba nua.No início
recebia comentários negativos, mas com o tempo acho que as pessoas perceberam
que não me faz efeito nenhum e pararam. Mas também recebo comentários
agradáveis.
E os teus familiares lidam bem com o
assunto? Nunca tentaram convencer-te a deixar a comunidade?
A minha mãe
é o meu maior apoio e ela sempre me disse que se é o que quero então força nisso.
Voltando então às Suicide Girls, têm
sido dadas a conhecer principalmente graças à internet e algumas redes sociais.
Achas que sem estas redes o alcance da comunidade teria a mesma dimensão?
Não, acho
que não seria a mesma coisa.
Com a
comunidade fora de Portugal é a única opção, neste momento. Com a portuguesa
não, estamos sempre em contacto umas com as outras pessoalmente.
E o que é que queres ser quando fores
«grande»? Modelo?
ahaha gostava mesmo de progredir na
carreira de fotógrafa. Foi algo que sempre gostei, estar do outro lado da câmara.
Convidamos agora os nossos leitores a visualizarem o primeiro vídeo que Anastacia Tychynska disponibilizou no Youtube, já vão dois anos.
Fotografia cedida por Anastacia Tychynska
Convidamos agora os nossos leitores a visualizarem o primeiro vídeo que Anastacia Tychynska disponibilizou no Youtube, já vão dois anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário