sexta-feira, 8 de março de 2013

O desemprego bateu-me à porta
São cada vez mais os portugueses que estão inscritos nos Centros de Emprego e Formação Profissional

De acordo com o relatório anual de 2011 do Instituto de Emprego e Formação Profissional, O número de desempregados registados nos Centros de Emprego do Continente, no final de Dezembro de 2011 ascendia a 576 383 indivíduos. Comparando com o ano de 2010 os desempregados inscritos aumentaram 10,9% em resultado de um acréscimo anual de cerca de 60 000 registos.

O valor médio mensal de desempregados inscritos, registou em 2011, o 2º valor mais alto observado nos últimos anos. As regiões Norte e Lisboa VT concentraram cerca de 75,8% do total de registos de desempregados do Continente, à semelhança do que tem acontecido nos últimos anos.

Maria Rodrigues tem 50 anos e é uma das muitas pessoas que se encontra no desemprego. Em Julho de 2012 a fábrica onde trabalhava fechou e desde então que não arranja emprego.
Começou a trabalhar muito cedo e há mais de 20 anos que trabalhava nesta fábrica e nunca esperou ficar desempregada.



Luísa Azevedo: Começou a trabalhar com que idade?
Maria Rodrigues: Com 16 anos comecei a trabalhar na casa de uma senhora para tomar conta da filha dela. Tive que deixar os estudos, porque os meus pais não tinham dinheiro e ir trabalhar era a melhor forma de os ajudar (pausa). Mas nunca me queixei.

L. A. Quantos empregos já teve?
M. R. Olhe que não sei… O meu primeiro emprego foi, tal como disse anteriormente, a tomar conta da filha da senhora onde eu trabalhava. Alguns anos mais tarde fui trabalhar para a fábrica de onde agora me despediram.
Praticamente toda a minha vida foi passada nesta fábrica e apesar dos tempos de crise nunca pensei que tal pudesse acontecer.

L. A. Como soube do seu despedimento?
M. R. No dia anterior a sermos despedidos, os patrões avisaram-nos que no dia seguinte ia haver uma reunião com todos os empregados (pausa). Naquele dia chegamos á fábrica e como de costume “picamos o ponto”, mas os responsáveis disseram-nos que aquele seria o osso último dia de trabalho.

L. A. Qual a justificação que foi dada pelas entidades responsáveis pela fábrica?
M. R. Apenas nos disseram que devido à crise e à falta de dinheiro a fábrica iria ter de fechar portas. Nada mais…

L. A. O que está a fazer para combater esta situação de desemprego?
M. R. Para combater esta situação estou inscrita no Centro de Emprego e Formação Profissional da minha área de residência; Procuro diariamente as ofertas de emprego publicadas nos jornais e o meu filho ajuda me a procurar na Internet; procuro participar em todas as formações, seminários e Workshops promovidos pelo Centro de Emprego.

L. A. Acredita que estas formações promovidas pelo Centro de Emprego são uma mais-valia para as pessoas que se encontram no desemprego?
M. R. Penso que sim, pois são uma forma de adquirirmos alguns conhecimentos, mas também acredito que não seja através destas formações que se vá arranjar um trabalho. Aliás desde que estou inscrita ainda não fui chamada para nada.

L. A. Como faz para fazer face às suas despesas?
M. R. Tenho o subsídio de desemprego, no valor de 419 euros e ainda o ordenado do meu marido, pouco mais de 500 euros. Parte do subsídio vai para a prestação mensal da casa, durante o resto do Mês governamo-nos com o ordenado do meu marido e com o que sobra do subsídio.
Felizmente o meu filho já está encaminhado e está a trabalhar na área para a qual se formou.

L. A. O facto de ter 50 anos é um entrave na procura de emprego?
M. R. Acredito que sim, infelizmente. Sou nova de mais para ter a reforma, mas sou considerada velha para trabalhar.

L. A. O que fará se a situação se mantiver a longo prazo?
M. R. Se esta situação se prolongar terei certamente que delinear algumas estratégias, e confesso que, após tanto tempo de desemprego já pensei em procurar emprego no estrangeiro. Apesar da ideia me deixar um pouco reticente, porque nunca se sabe muito bem o que se vai encontrar no país de acolhimento, as propostas são sempre convidativas, pois oferecem condições excelentes, quer para o trabalhador, quer para o cônjuge, mas a realidade nem sempre corresponde, por isso é melhor dar um passo curto e seguro do que grande pois podemos perder o equilíbrio.

L. A. Para terminar, o que tem a dizer sobre a crise que o país está a atravessar?
M. R. Relativamente ao desemprego, não há muito a dizer, é uma situação lamentável e que poderia ser evitada em muitos casos.
Penso que a crise muito se deve ao facto dos governos terem gasto sempre mais do que aquilo que puderam e agora é o povo que paga porque todas estas medidas de austeridade vão ser muito difíceis de suportar pelos portugueses. Apesar de eu ter poucos estudos, procuro sempre manter-me informada e acredito que o ano de 2013 vai ser muito difícil.























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