sexta-feira, 15 de março de 2013

SEM ABRIGO NO VOLUNTARIADO






Não se sabe ao certo quantos são, apenas que são largas centenas. Vivem á margem de tudo e todos e são ignorados pela sociedade.

Admite-se que sejam mais de seis centenas, a maioria portugueses, embora entre eles haja já uma larga proporção de estrangeiros.
A pobreza não escolhe idade, cor, nacionalidade ou crença.

Foto: casaporto.wordpress.com


Apesar do Natal estar a chegar, nem todos são aqueles que têm motivos para festejar. Com a crise aumenta o número daqueles que são esquecidos pela sociedade.
Na cidade do porto, em ruas várias, homens e mulheres (sobre)vivem da boa vontade alheia e de refeições oferecidas por várias associações de solidariedade. São apelidados de mendigos, vadios ou vagabundos, nomes normalmente depreciativos por quem passa na rua e não quer ver a realidade. Os números não são oficiais, pela dificuldade em fazer uma contagem que, quase diariamente se altera.

Estilo de “vida

Ricardo Garcia de 31 anos e Augusto Bento de 38 vivem nas “costas” do Teatro São João no Porto, em plena baixa da cidade. Companheiros na vida da rua, encontram-se nesta situação há seis meses. Ambos têm filhos, Augusto tem um rapaz de seis anos, e Ricardo, uma rapariga de quatro.
Ricardo perdeu o emprego, era e é cozinheiro. Devido a uma separação litigiosa, acrescida à falta de apoio da família, e à perda da guarda parental da filha, Ricardo, agora sem emprego, viu-se obrigado a enfrentar a rua.
A janela do Teatro São João, serve-lhe de algum abrigo para a chuva, mas ainda assim é o único aconchego de uma vida marcada pela solidão. “Esta vida não é fácil, mas não podemos desistir, tanto eu como todos os sem-abrigo, é preciso ter fé”, desabafou.
Agora ganha a vida a arrumar carros, afinal de contas, são os tostões ganhos ao final do dia que lhe garantem alguma subsistência.
Ricardo disse “Estou desempregado mas sou cozinheiro na C.A.S.A (Centro de Apoio ao Sem Abrigo), cozinho para noventa pessoas às quartas-feiras”, acrescentou sorrindo. Augusto, por sua vez, não cozinha, mas é também voluntário na equipa das quartas-feiras na C.A.S.A. Está encarregue do empacotamento das refeições em embalagens individuais para cada um dos sem-abrigo e posterior entrega.

Lígia Rodrigues, Coordenadora da C.A.S.A, afirma “A casa tenta que todos os dias haja alguém a distribuir comida quente aos sem-abrigo”,hoje levamos cem refeições e ás vezes não dá(...), é mesmo até ao limite da fila” (5 de Dezembro, quarta-feira). Ricardo Garcia e Augusto Bento, sem-abrigo, ajudam outros tantos sem abrigo, à troca de uma boa disposição, de um sorriso do outro lado. “Para nós é o melhor dia da semana, sentimo-nos úteis, sentimos que estamos a fazer algo para ajudar os outros, os restantes dias da semana somos uns trapos velhos sem saber para onde ir nem o que fazer”.
A maior preocupação dos companheiros é “tentar sobreviver, tentar agasalhar-nos o mais possível e pensar que amanhã será melhor, que o amanhã trará um cobertor a mais”.
Deixam um recado às pessoas que se encontram na mesma situação “não desistam, façam força para sair desta vida, sei que é difícil mas (…) e que tenham fé”.

Novos Sem-Abrigo

Lígia Rodrigues, acredita que se pode já falar em novos sem-abrigo, tal como de novos pobres. “São pessoas que, apesar de terem uma casa, vivem em condições desumanas, em habitações devolutas, sem água, luz ou até mesmo um colchão para dormir”, explicou.
Acredita que o número de pessoas carenciadas, “com ou sem tecto, vai aumentar”. “Os índices de pobreza são cada vez mais elevados. Na cidade do Porto, porta sim, porta não, existe uma família endividada. “A previsão é que aumentem ligeiramente”, sublinhou.



             

http://www.youtube.com/watch?v=GQiTmDCWRgA

Por : Maria Girão Sá

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