quarta-feira, 30 de maio de 2012

Acrobactic, um empurrão para o futuro da Moda


O Acrobactic é um concurso para jovens designers que pretendem vingar no mundo da Moda. Na sua 8ª edição, e com a entrega dos prémios do Público,  Melhor Coleção, Melhor Coordenado Masculino e Melhor Coordenado Feminino, Ivan Almeida arrecadou 1000€ no prémio do Público, com a sua coleção, Pas de Burcroix.
            No âmbito de NewcomersWeek, a Exponor proporcionou um desfile, patrocinado pela Best Models, que foi representado por estudantes da ESAD (Escola Superior de Artes e Design), MODATEX (Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil), e FAUTL (Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa).



Nome: Ivan Almeida
Idade: 20
Profissão: Estudante de Design de Moda



Inês Sousa: Por que razão decidiste entrar no concurso do Acrobactic?

Ivan Almeida: Acima de tudo por achar um concurso que dá a todos os participantes muita visibilidade e porque achei que o tema do concurso era aliciante.


I.S.: Qual foi o método do teu trabalho até ao desfile?

I.A.: Primeiro desdobrei o tema “Crença” que me foi imposto. Após alguma pesquisa de imagens, comecei a trabalhar em direção ao meu subtema, o uso de burcas na sociedade Islâmica.  Resolvi assim, fazer uma coleção que de certa forma criticasse o uso das burcas. O nome na minha coleção surge como resposta a isso Pas de Burcroix, significa negação ao uso de burcas. Sendo uma critica, achei por bem usar cores escuras, como o preto e cinzas.


I.S.: Tiveste algumas dificuldades em conciliar a preparação para o desfile e o trabalho no Modatex?

I.A.: Sim, muitas. Porque na altura que estava a desenvolver o projeto para o concurso, estava no fim do meu primeiro ano do Modatex. Na escola, tinha que desenvolver uma coleção de 8 coordenados, para a Chloé.  Depois de saber que fui selecionado para a segunda fase do Acrobactic, surgiram ainda dois concursos, um proposto pelo meu coordenador, Triumph Inspiration Awards; e outro proposto pelo meu formador de modelação, Skills Portugal. Aí fiquei completamente perdido, não sabia o que começar por fazer. Tinha aulas das 9h até as 22h. Mas com ajuda dos meus amigos e formadores, e com muita força de vontade consegui conciliar tudo.


I.S.: Estavas à espera de ser selecionado para o desfile? Porquê?

I.A.: Ao início pensava para mim, que o melhor prémio seria conseguir ser selecionado para o desfile. Era o reconhecimento do meu trabalho perante o júri. Mas depois, com o acumular de trabalhos da escola com os outros dois concursos, e pelos comentários negativos dos meus formadores, comecei a desmotivar-me e, a achar que não seria selecionado. Aliás, quando saíram os resultados no site do Acrobactic, eu perguntei a diferentes pessoas para verificar se o nome da minha coleção estava mesmo lá. Fiquei incrédulo.


I.S.: Achas que os custos para o desfile valeram a pena todo este processo? Porquê?

I.A.: Sim, sem dúvida. Quando resolvi candidatar me ao concurso, primeiro pensei se valeria ou não a pena. E, depois de consultar a opinião de várias pessoas, achei que se nunca participasse nunca iria saber se valeria a pena ou não.


I.S.: Qual foi a sensação de teres ganho o prémio do público?

I.A.: Foi ótima. Porque ser eleito pelo público significa que quem votou, gostou do meu trabalho. Mas só alguns dias depois é que cai em mim, não conseguia acreditar que logo eu, tinha ganho um prémio.


I.S.: Quais foram os comentários do júri em relação à tua colecção?

I.A.: Do júri não obtive qualquer tipo de comentário. Várias pessoas influentes no mundo da moda vieram falar comigo posteriormente ao desfile e elogiaram-me. Isso para mim foi sem dúvida o melhor prémio. Ouvir um elogio do Miguel Flor, “Para mim a tua coleção é uma das melhores, senão a melhor.” é sempre muito mais sentido do que outra coisa, afinal são pessoas como ele, que fazem com que apareçam novos designers em Portugal.

I.S.: Agora que estás a acabar o curso no Modatex, quais são os teus projetos para o futuro?

I.A.:  Para já quero absorver ao máximo tudo o que aprendo na Modatex. Depois tenho um estagio curricular de seis meses. Agora depois disso, não sei. Gostava de ir para Londres tirar o mestrado na CentralSaint Martins ou então ir para a Faculdade de Belas Artes tirar uma licenciatura em Design de Comunicação. Sinto que ainda tenho muito para aprender.


I.S.: A maioria dos estudantes de Moda acreditam que existem mais oportunidades no estrangeiro. Qual é a tua opinião sobre isso?

I.A.: Pelo menos a nível de formação sou da mesma opinião. Cá em Portugal quase não existem mestrados em moda, e os que existem não são bons. Eu próprio comecei uma licenciatura em Design de Moda na Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa e achei que não aprendia nada. Faltavam-nos a parte técnica e criativa, num semestre não aprendíamos nada. Cá em Portugal, o nosso curso da Modatex dá-nos equivalência ao 12º ano, lá fora dá-nos equivalência a uma licenciatura. Portanto, penso que perante esta situação, muitos estudantes da minha escola ponderem ir para fora. A nível de carreira, penso que cá em Portugal será mais fácil construir uma carreira com o nosso nome, porque há muito menos concorrência. Lá fora são milhares para a mesma coisa. Mas penso que quem for bom, é bom em qualquer sitio.


I.S.: Se voltasses atrás mudavas alguma coisa na tua coleção ou achas que deste o teu melhor? Porquê?

I.A.: Sim, mudava. Apesar de ter dado o meu melhor, penso que depois de executar um trabalho ou uma coleção sou o primeiro a criticar. Penso sempre que aquilo já não esta bem e que mudava logo algumas coisas. Acho que introduzia um estampado, e que mudaria alguns tecidos. Jogava depois com alguns acessórios para enriquecer a minha coleção.





Para ver a Fotogaleria do desfile da colecção, Pas de Burcroix, clique aqui.

Para ver o excerto do vídeo do desfile na Exponor, clique aqui.


Por: Inês Sousa

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