sexta-feira, 25 de maio de 2012



Entre alegrias e tristezas, ser pescador nas Caxinas é motivo de orgulho, apesar de o perigo espreitar a cada instante. José Pereira conta como é a sua vida no mar, antes e agora, na época das inovações tecnológicas que proporcionam melhores condições de trabalho. Apesar das dificuldades, é desta vida que gosta. Ainda não se dedica a uma arte diferente, mas sente com o passar do tempo uma saudade antecipada.


A fé sempre presente na vida
dos Caxineiros.
José Pereira na igreja do Barco
Portugal sempre teve uma forte relação com o mar. Desde os Descobrimentos que os portugueses enfrentam as marés. José Pereira é um de entre muitos heróis lusitanos, membro de um país que não é só das quinas, de operários e máquinas, do cozido e do azeite que se mistura com fado. É também das águas lindas do Tejo. Da vida dura, difícil, que obriga a trabalhar de forma quase desumana, horas a fio sem dormir, movidos por desejo nobre – sustentar a família. “Ao mar cruel, vou bailar com o meu batel”.
Nas Caxinas vive-se uma história muito de dor, suor e lágrimas. De perseverança, medos mas também de solidariedade e união. É aqui que vive José Pereira, pescador, 48 anos. “Uma região de onde emerge um povo maioritariamente pobre, que luta a cada dia pela sua sobrevivência a bordo de um barco” revela-nos José.
Nascido e criado nas Caxinas, de família pobre é um entre cinco irmãos. Casado e pai de um casal, com orgulho diz ter uma “menina”, engenheira química, ao passo que o rapaz não sabe ainda o que quer. Poucas vezes foi à escola. Quando foi a primeira vez ao mar tinha apenas 16 anos. Antes mesmo de pensar dedicar-se a outro modo de vida ou escolher outra forma de sustento, decidiu entregar-se a esta profissão. Ao fim de tantos anos continua a sentir o mesmo prazer de ir ao mar, “eu gosto do mar. Sempre foi a minha primeira opção ir a pesca”.




Caxinas, mais do que um lugar
Fonte: www.google.pt
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Para José Pereira este é um lugar mítico. “Podem dizer que isto é Vila do Conde. Isto é Vila do Conde e não é. É um lugar que não existe igual. Tem uma identidade especial, até no falar a gente tem um vocabulário próprio. Quem entra aqui, entra com medo, com receio, mas quando está aqui uma semana não quer mais sair”.
Uma das maiores comunidades piscatórias do país. Mas também aquela a quem o mar tem trazido mais amargura. Numa espécie de mal que vem para o bem pois é da tragédia que vem a união desta comunidade e do povo que nela habita.
Neste lugar pertencente à freguesia de Vila do Conde, predominam atividades ligadas à pesca, quer diretamente na atividade piscatória quer nas indústrias derivadas.
Uma terra mastigada que viu nascer um povo que só pelo facto de lhe pertencer, é especial. Nas Caxinas vive-se em casas de azulejos alegres, com peixe a secar nas cordas a meias com a roupa preta. Faz-se de um simples passeio público um quintal. Cada pormenor representa um símbolo. Passa-se a velhice entre as memórias, as agulhas de tricot, o baralho de cartas e a conversa com quem passa.

















                                                                                                                                 Por: Vladimir Teixeira

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