terça-feira, 29 de maio de 2012

Barcelos: milhões de música


Barcelos: os sons também simbolizam a cidade



Introdução
Longe vão os tempos em que Barcelos era apenas reconhecido pelo seu símbolo local. Hoje em dia, serão poucos os melómanos que não consideram a cidade minhota essêncial  no mapa musical portugûes. De bandas a festivais, a região tem sido alvo de um forte dinamismo, havendo  até quem se refira à mesma como a  capital do Rock.
Todavia, toda esta exposição aconteceu de forma gradual.  Quem o diz é Márcio Laranjeira,  de 23 anos, natural de Barcelos.  Foi  nos escritórios  da editora/promotora  Lovers And Lollypops, onde trabalha, que o jovem promotor   dissertou brevemente sobre as origens do movimento musical barcelense.



Márcio Laranjeira. Foto usada  pela  publicação JN.



Como tudo começou e como tudo se desenvolveu




"Não é algo que tenha surgido do nada, há uma história muito grande no que diz respeito á cena musical de Barcelos"explica.

Rapidamente na conversa, são mencionadas as bandas The Astonishing Urbana Fall e Kafka ,vistas como cruciais para o desenvolvimento desta específica cena minhota. A segunda é de facto descrita pelo site Rock Rola em Barcelos como património musical barcelense.

Contudo, após o periodo áureo destes dois grupos, formados  em 1996 e 1997 respectivamente,  o movimento musical de Barcelos  "morreu um pouco," argumenta Márcio.
O  renascer teve lugar, de acordo com o promotor,  em 2004/2005.  " Foi  nesta altura que surgiram bandas como os Green  Machine e mais tarde, os La La La Ressonance,"  relembra.
Para  Márcio,  os  Green Machine tiveram um impacto profundo na cena barcelense. Dos grupos formados na última década, a banda liderada pelo vocalista João Pimenta foi pioneira no que toca a digressões nacionais. "Antes deles,   as bandas estavam presas a um circuito interno, e os Green Machine quebraram esse ciclo, actuando um pouco por todo o paìs" contextualiza.  Fruto deste impulso, surgiram em 2006 os The Glockenwise  e os Black Bombaim. A partir daqui, a  cena musical  barcelense começou a florir,  e o aparecimento de novas bandas intensificou-se.



“Cada banda segue o seu caminho "


Ainda assim, Márcio chama a atenção para o facto deste movimento se basear sobretudo em quantidade, não havendo uma linguagem musical coerente. " Ao contrário da cena de Coimbra nos anos 90, inspirada no Rockabilly, em Barcelos cada banda segue o seu caminho", comenta o promotor.  Efectivamente, ao analisar algumas das bandas da região, é notório que  grande parte dos  grupos barcelenses  criam uma identidade própria, não optando pela mera imitação.  Afinal de contas, a mesma terra   que deu a conhecer  o Stoner Rock de cariz psicadélico dos  Black Bombaim,é a mesma que nos trouxe o Heavy Metal melódico e clàssico dos  Godog .
Ainda assim, tal escolha  pela originalidade não significa que  não haja  respeito e admiração pelo trabalho de determinados contemporâneos.
A certa altura durante a entrevista, Márcio refere a influência que os Black Bombaim  tivereram nos mais recentes Killimanjaro.  O próprio  grupo nomeia o referido trio  como a principal fonte de inspiração.  No entanto,  segundo Márcio, "ao escutares a música de Killimanjaro, essa inflûencia não é minimamente percéptivel," conclui o promotor em jeito de remate.


"Para actuar em Barcelos, é necessário seguir  uma ética Do it Yourself"

.Apesar de toda a criatividade e paixão que caracteriza a cena musical da localidade minhota, nem tudo em Barcelos se apresenta sob um "mar de rosas". Exemplos disso são as dificuldades pelas quais as bandas barcelenses passam para actuarem na sua cidade natal. Segundo Márcio, " enquanto que em Aveiro tens o Mercado Negro, em Viseu o Bar Estudantino e em Braçança concertos organizados pela Dedos Biónicos, em Barcelos tens que fazer tudo por ti próprio, desde alugar o PA(equipamento) a combinar a viagem com as bandas da zona. Para actuar em Barcelos, é necessário seguir uma ética do it yourself."


Ainda assim, essa ideologia há muito que está presente na mentalidade barcelense, julgando pelo meio de transporte que as bandas usavam para se deslocarem sempre que éra necessário.


 
Apoio ao invés de paternalismo

No que diz respeito a apoio ao talento barcelense, A lovers And Lollypops possui um papel preponderante. A editora/promotora trabalha actualmente com quatro bandas da referida cidade, lançando os discos das mesmas e colocando-as em vários eventos por todo o país. No entanto, Márcio assegura que somente a localização geográfica não garante um lugar na editora. Nós na Lovers não temos a política de aceitar trabalhar com uma banda por esta ser da nossa cidade. Só a assinamos caso apreciemos a música que produzem. Claro que é sempre bom ter bandas de Barcelos, pois eu e o Fua (alcunha de Joaquim Durães, membro da Lovers And Lollypops) somos de lá, mas damos igual apoio a bandas oriundas do Porto, Lisboa ou outra zona qualquer".








O festival para quem não gosta de festivais



O Milhões de Festa assume-se como o mais dinâmico e mais aguardado evento anual da Lovers And Lollypops. Durante três dias, vários melómanos rumam ao Parque Fluvial de Barcelos para um fim-de semana recheado de música, piscina e diversão (ver Slideshow)

Para Márcio, um dos factores que contribuiu para o sucesso do festival prende-se com o clima descontraído que rege o evento.

"Muitas pessoas têm o Milhões de Festa como o seu festival predilecto, preferindo o nosso evento a outros de dimensões astronómicas como o Optimus Alive" . Seja pelo ambiente ou o cartaz, a verdade é que o Milhões de Festa, juntamente com o sucesso de algumas bandas, já colocou Barcelos no mapa dos festivais de Verão.




Vídeos
De modo a finalizar,  ficam alguns vídeos de bandas barcelenses, algumas ainda activas, outras que já pertencem ao passado, de forma a ilustrar de uma forma musical todo este movimento.


The Astonishing Urbana Fall





La La  La Ressonance






ALTO!




Black Bombaim




Aspen







The Glockenwise








Green Machine





Kafka


Jorge Alves

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